A
miséria que avassala a nossa espécie subordina o homem ao homem - o verdadeiro
mal não é a desigualdade: é a dependência. (Voltaire)
R$
70,00. Este é o valor que, para o governo, separa os brasileiros da linha de
miséria. E é com o Bolsa Família que se pretende eliminá-la, através da
transferência direta de renda.
Segundo
o site institucional www.brasil.gov.br, o programa integra o Plano Brasil sem
Miséria e atende 13,7 milhões de famílias, com valores recebidos entre R$ 32,00
e R$ 306,00. Méritos reconhecidos por organizações internacionais.
Com
esses argumentos, a presidente alardeou, em cerimônia oficial – com direito a
cobertura da mídia, slogan e filmagem para o programa partidário – que “o fim
da miséria é só um começo”. Em mesmo ato, o presidente de seu partido disse que
ela “tem tudo para ser reeleita”. Cabe um parêntese: Dilma e Lula foram
acionados judicialmente por propaganda eleitoral antecipada.
Enquanto
isso, a oposição reivindica a paternidade de programas pré-PT que originaram o
principal baluarte dos petistas. De poucas armas, oposicionistas têm usado as
tribunas do Congresso para criticar uso da máquina pública, possíveis desvios e
incorreções do Bolsa Família, a começar pelos indicadores de miséria, que podem
estar escondendo 22 milhões de miseráveis brasileiros.
Para
acirrar a disputa, a Caixa Federal, responsável pela distribuição dos valores,
na semana passada, sofreu com a boataria do encerramento do programa, causando
caos em suas agências e desespero nos contemplados, principalmente no nordeste.
Caso mal explicado até agora e com fatos, no mínimo, curiosos: a antecipação de
valores e o possível uso de telemarketing, entre outros.
Correndo
por fora, o incidente bastou para a “nova oposição”, oriunda da própria base de
governo, aproveitar para sinalizar sua linha de ação no próximo ano, a de que o
programa tem que ter um fim além da simples transferência de renda. Mais uma
vez, as peças do xadrez eleitoral se movimentaram.
Centro
do viés eleitoreiro que possui o ocorrido, a população beneficiária explicitou
sua sujeição aos valores recebidos e do peso que o programa tem nas eleições. É
fato que boato é sempre utilizado durante esses períodos, mas intriga sua
antecipação à campanha e a falta de esclarecimento. Quem são os reais
beneficiados?
Ainda
há, no Brasil, pessoas que morrem de fome e sede. É preciso acabar com a
dependência da população mais pobre, garantir sua autonomia econômica,
educacional e banir o uso eleitoral dos programas de governo,
Não
há dúvida que o Bolsa Família será um dos principais temas debates eleitorais
de 2014, deixando de lado o fim a que se propõe para servir de bandeira
eleitoral, tanto para governo quanto para a oposição.
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