Há
os que acreditam que o “tsunami” social que sacudiu as cadeiras de políticos e
governantes já passou, os Poderes jazem novamente em seus tronos. Talvez. Até
essa certeza, ainda há muita análise a se fazer. Contudo, onde está a
autocrítica?
Começo
por mim mesmo. Acompanhei, pelas redes sociais, rádio, TV, escrevi a respeito,
conversei com amigos, troquei e-mails e, literalmente, “bati boca” com
partidários e defensores do governo. Fiz minha parte? Não. E, quando meu filho
perguntar:
-
Pai, onde tu estavas quando ocorreram as manifestações de 2013?
-
No sofá da sala, em frente ao computador, com a TV e o radio ligados,
responderei.
Mas
e quanto ao movimento estudantil e suas famosas entidades, como a UNE - União
Nacional de Estudantes, cuja característica principal era o engajamento
político e a defesa das causas da juventude, onde estavam? Mudas e caladas. A
UNE chegou a se organizar e levar meia dúzia de estudantes pingados a Brasília.
Pra quê? O auge dos protestos já havia passado.
Quanto
ao Movimento Passe Livre, protagonista das manifestações, viu sua causa crescer
e obter respostas sem muito saber qual direção tomar com a repercussão e as
conquistas que obteve. Palmas. Acordou “o gigante”, mas e agora? O que fazer com
as pessoas agregadas? Não se sabe. Falta uma causa maior.
Talvez
não tivesse sido assim se a polícia fosse preparada. Incapaz de conter os
protestos, protagonizou cenas de violência generalizada em todo o Brasil, pulou
etapas e, por vezes, partiu para agressões físicas diretas, banalizando o uso
de armas não letais. A linha de comando evaporou-se em meio ao gás e aos
policiais não identificados.
Os
culpados por isso, os vândalos. A ilação geral é de que são “infiltrados”. Para
a polícia, assaltantes e marginais aproveitando a oportunidade. Para políticos
de esquerda, “o braço armado da direita fascista”, que “vem agredindo nas ruas
os partidos de esquerda", como declarou o governador. Mas alguém perguntou
aos que foram presos quem são, por que fizeram? Não.
Talvez
ele sirva, o governador, como exemplo. A maioria dos políticos usa redes
sociais em mão única, para divulgar feitos, falar em primeira pessoa sobre atos
que deveriam ser de Estado, em autopromoção e falsa tentativa de interação com
a sociedade. Quem sabe por isso não tenham entendido tamanha mobilização sem
partidos, sindicatos, líderes ou entidades.
Todos erraram, há um fracasso na cadeia
federativa. Governo federal, estadual e prefeituras manifestam-se em lava-mãos
generalizado. As respostas e soluções são ensaiadas deixando de lado o
enxugamento da máquina estatal e sem, de fato, ouvir a população. Mais uma vez,
tentam cooptá-la.
Faltou
o mea-culpa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário