Popularidade. Esse é o princípio. Tornar possível uma nova reeleição do PT não está, necessariamente, nos anseios da população, mas no partido.
Já aqueles que se abarrotam no usufruto do poder ao redor do messias transformam cogitação em exeqüibilidade, e o plano de permanência se estende a 20 anos, tentativa fracassada do PSDB, por sua inabilidade. Mas não duvidem da capacidade daqueles que, antes, foram sempre oposição e estiveram se preparando para a redenção partidária.
Mal praticamos nossa democracia soberanamente, Fernando Henrique e Lula são os primeiros presidentes que permaneceram eleitos diretamente, e somos assombrados pela sede de permanência no poder, contrapondo o primeiro princípio democrático, o da alternância.
Os atuais governistas sinalizam um possível terceiro mandato indireto, seja nos estados, seja nacionalmente, com a eleição da sucessora petista. Por quê? Pelo respaldo gerado pelo índice de 70% de aprovação dado ao companheiro.
Contudo, para a população, segundo o Latinobarômetro (http://www.latinobarometro.org/), “apenas 33% dos brasileiros - índice igual ao da Venezuela - declararam-se satisfeitos com a democracia e tão somente 43% apoiaram esse regime político”. Nossa democracia tem a solidez de um castelo de cartas!
São esses índices que fazem crer que, se há possibilidade do exercício de sufrágio universal, isto basta para aqueles que o exercem, independente da alternância ou permanência no poder. Entendem o voto como suficiente para o seu democratismo. Daí surgem expressões de respaldo político duvidoso, como o Tiririca, mulheres fruta e jogadores de futebol. De fato, pior que está, não fica.
Entretanto, não é apenas a eleição de um representante central que garante a democracia. Há ainda Legislativo e Judiciário, Ministério Público e Tribunais, instiuições deturpadas através de nomeações políticas e escândalos de corrupção em todos os níveis, poderes que se inter-relacionam com o Estado e o Executivo, baseados na Constituição.
Essa que, no Brasil, só foi estabelecida de fato há cerca vinte anos, com a Assembléia Constituinte. É o Estado democrático de direito que pode estar em discussão!
Porém, neste nosso modelo de democracia representativa (nós elegemos quem decida sobre nossos anseios de Estado), há espaço para que os eleitos — e o grupo que está no poder — forcem o continuísmo através de brechas que permitem a modificação da Constituição. Este é o perigo, reescrevê-la ao bel prazer de quem está no poder. A oportunidade está nas leis que tramitam no Congresso.
Em conjunto com as eleições de outubro está o nosso posicionamento com relação a atual maneira de fazer política, que privilegia quem já usufrui das benesses institucionalizadas em reeleições infinitas, enquanto eleitores e neófitos nas disputas são meros coadjuvantes.
Com isso estendível a nomeações de secretários e ministros, estes também poderiam se tornar donos de prefeituras, estados e cidades se não tropeçassem em meio a ganância por poder e enriquecimento, geralmente, ilícito. Absurdo!
Com isso, a alternância no poder estaria soterrada. Mais que a garantia de continuar obras e projetos de “relevância” para a população, o desejo (e o exercício) de um mandato infinitamente tende a impedir que novas opiniões surjam, através de novos líderes ou da manifestação de novas idéias e conceitos.
É imperativo que nos manifestemos através do voto! Sarney esticou seu mandato, Fernando Henrique inventou a reeleição, Lula é responsável pela perpetuação de um projeto político baseado em assistencialismo e compra de opiniões com bolsa-alguma-coisa.
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