quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Artigo: Debate pra quê?

Sobrepujado pela internet e pelo engessamento da legislação eleitoral atrasada, o modelo televisivo de debates não tem mais razão de ser.
Para quem transmite é um tiro no pé.  A audiência, que já é baixa em razão do horário eleitoral e tem seus horários de pico alterados, reduz-se em 40%, segundo o IBOPE.
O cunho comercial das grandes emissoras leva-as a pensar duas vezes na realização e transmissão desses confrontos, frustrando expectativas de políticos ansiosos para - diante de holofotes - colocar em prática seu poder de persuasão.
Para aqueles que concorrem, e no Rio Grande do Sul são nove os candidatos, é a oportunidade de contestar adversários diante do público. E ao vivo!
Contudo, nem todos estão aptos ao debate televisivo, pois é necessário ter representação na Câmara Federal para participar – regra estabelecida segundo a lei eleitoral, razão pela qual as agremiações são tratadas de forma distinta. As emissoras seguem a mesma regra.
Assim, os partidos partem para representações junto aos Tribunais Eleitorais na tentativa de não ficar de fora. Luta inglória. O próprio TSE segue a máxima aristotélica de tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade.
No debate estaria a oportunidade dos pequenos igualarem-se em tempo e espaço de participação, na esperança que seu desempenho se contraponha às adversas pesquisas.
Até aqui, quem assistiu aos debates geralmente tem ligações partidárias, e quem não tem essa ligação tem seu candidato definido. Para os debatedores, serve como treinamento diante das câmeras, uma espécie de preparação físico-psicológica para o momento oportuno.
Nessa ótica, não será pelos debates que o eleitor decidirá seu voto, mas pela capacidade argumentativa que eles geram aos próprios militantes com relação ao convencimento do voto alheio.
Porém, para contestar esse argumento, são vários os casos de candidatos que se ausentam dos debates por orientação dos marqueteiros. Regra geral, porque possuem bons índices em pesquisas, evitando desgastes.
Por essas e por outras, os debates perderam o encanto. Os bons mesmo são travados pelo Twitter e por blogs de opinião, embora alimentados por pessoas que geralmente nem são os próprios candidatos.
Quem vive dias de redes sociais, internet, pesquisa no Google, transmídia e uma série de ferramentas mais eficientes na hora da decisão do voto não acredita que a eleição será revertida a partir do debate.
 Nos próximos dias, será transmitido o último debate e, partidarismos à parte, é preciso rever o formato. A lei que regulamenta essa realização é decadente, e o objetivo de atender o principal interessado, o eleitor, tem ficado de lado.
Mais demodê que debate, só dossiê!


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