Habitualmente, nos clássicos suspenses e
tramas literários e cinematográficos que envolvem maquinações de toda a espécie,
a culpa é do mordomo. Na política, em alguns casos, esta fica com a amante e o
caseiro (respectivamente, a lembrar os casos Renan e Palocci). Desta vez, o responsável é um
simbólico coveiro.
Deixando de lado a ficção e as investigações
mirabolantes propostas por Sir Arthur Conan Doyle, em especial, vamos aos fatos
– facilmente identificados através da mídia e de algumas buscas na internet –
que levaram ao “sepultamento” da Reforma Política na Câmara dos Deputados.
O relatório (réquiem!) da proposta tinha
pouco mais que cinco pontos e deixou de lado, na tentativa de um acordo, temas de
pertinência direta à população, como voto facultativo, por exemplo.
O relator, ao defender sua posição, em
especial o financiamento público exclusivo, citou empreiteiras e bancos
privados como principais financiadores de campanhas e responsáveis pelo chamado
caixa dois.
Errou. Esse dinheiro não declarado à justiça
eleitoral é de uso (não) responsável dos políticos e candidatos. E apesar de
seu empenho e esforço, o deputado não obteve apoio nem mesmo de seus
partidários, quiçá de outras agremiações que não permitiram, na denominada reunião
de líderes, a votação deste item em plenário.
Ora, vamos às pistas: a) quem tem interesse
em ser financiado pela iniciativa privada é um político; b) deve ser lobista e
bem relacionado com empresas e partidos; c) tem que possuir influência na
Câmara dos Deputados; d) não pode deixar rastros; e) possui grande interesse
nas próximas eleições.
Contudo, para o sucesso das peripécias de
nosso sepultador é preciso astúcia e cenário propício, ao que proponho um
“flashback”: a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, resultou (direta ou
indiretamente) na articulação do Projeto de Emenda a Constituição – PEC, 37,
que restringe poderes do Ministério Público, maior responsável por investigar casos
de corrupção.
Outras consequências são a Medida Provisória
595, a MP dos Portos, cuja síntese centraliza gestão e licitações, e a
manifestação do ministro da Advocacia Geral da União (AGU) que defendeu da
regulamentação do lobby. Uma vez que a operação da PF atingiu seu gabinete.
Essa “teoria da conspiração” aponta para um
único suspeito, e quem está atento ao “fog” político nacional tem
facilidade em perceber algumas "coincidências": para despistar
pegadas, a tentativa de controle e censura à mídia; para possíveis
financiamentos futuros, as viagens pagas em defesa de interesses empresariais; para
emperrar votações no Congresso, o controle quase absoluto sobre possíveis
candidaturas.
Adicione-se a isso filiações partidárias de empresários
que financiam campanhas, poder e tráfico de influência sobre órgãos públicos e partidos
da base governista (correligionários ou não), sem falar na maestria de quem
usufrui do modelo político atual e teremos a resposta ao nosso enigma.
Elementar, meus caros leitores, Lula é o “coveiro”!
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