Por
essas e outras...
Artigo publicado em Zero Hora 30/04/2013 Clique para ampliar, |
Apesar de pensarmos, nós gaúchos, que a
corrupção é fato que ocorre em Brasília e que somos os brasileiros mais
politizados, motivo pelo qual nos investimos em aura de correção e ética, cabe
atentar em que a corrupção também usa bombachas.
A Polícia Federal, através da Operação
Concutare, surpreendeu a todos na manhã
desta segunda-feira. (Aqui cabe um parêntese para a habilidade da corporação em
manter sigilo e dar nome criativo em suas operações). Concutare é a origem do
latim para a palavra concussão. Simplificadamente, crime de extorsão praticado
funcionário público.
Entre as atribuições da PF está a de apurar
infrações contra a ordem política, semelhante a algumas das atividades
investigativas do Ministério Público, com a característica de suas ações serem conjuntas
em mais de um estado ou internacionalmente. No caso, não só o Rio Grande do
Sul, mas também Santa Catarina tiveram mandatos de prisão executados.
O que mais chamou atenção no fato, além do
envolvimento de empresários (em princípio, o corruptor) foi a “corrupção
democratizada”. Vários integrantes de partidos estão envolvidos, não escolheram
ser governo ou oposição, estadual ou municipal, nem tampouco ideologia, se mais
à esquerda ou à direita.
Também houve a prisão de um ou mais
consultores. Esta figura, que nada mais é que um atravessador ou “facilitador” é
o tão temido lobista, figura habilidosa raramente vista em público com seus
clientes, de boas “relações governamentais”, quase sempre oriundas de passagem
pelo executivo.
Esses senhores, que têm um ministro como
defensor da regulamentação da profissão de lobista, também têm seus nomes
associados a crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, tráfico de
influência e falsidade ideológica. É o caso da ex-chefe de gabinete da
presidência em São Paulo, também apanhada em operação da Policia Federal.
Mas, voltando às atuais prisões no RS e SC,
cabem os questionamentos: até quando se manterá fechada a caixa preta das
licenças ambientais? Por que a aplicação de multas milionárias não resulta em
créditos para estados, municípios e união? Será que a “teoria do domínio do
fato” apontará outros responsáveis?
Até parece que o único “pacto federativo” que não escolhe filiação partidária e interage facilmente em qualquer circunscrição é a corrupção. É por essas e outras que ética e transparência devem fazer parte do credo de políticos e órgãos públicos, e a atuação do Ministério Público e Polícia Federal mais que preservada e valorizada.
Até parece que o único “pacto federativo” que não escolhe filiação partidária e interage facilmente em qualquer circunscrição é a corrupção. É por essas e outras que ética e transparência devem fazer parte do credo de políticos e órgãos públicos, e a atuação do Ministério Público e Polícia Federal mais que preservada e valorizada.
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