Na República Velha, alicerçados pelo coronelismo e pelo voto de cabresto — grandes latifundiários que indicavam em quem os eleitores, seus “subordinados”, deveriam votar —, alternavam-se no poder São Paulo (café) e Minas (leite), revezando-se no controle da política nacional por um acordo de bastidores. Quadro esse só alterado quando Vargas assume o governo.
Nos dias de hoje, ainda pagamos o preço por essa articulação, que centralizou a economia no sudeste do país em detrimento aos demais estados, como o RS, onde, de maneira mais visível na capital, assistimos à alternância no poder entre PT (água quente) e PMDB (erva-mate).
A água quente petista passou a ferver nossos pleitos e fazer parte do cenário, ativamente, em 1992, com a eleição de Tarso Genro e a derrota de Schirmer em Porto Alegre. Depois, em 94, Antônio Brito (erva-mate) derrota Olívio Dutra. Em 96, o PT vence na capital ainda no primeiro turno, e, à época, o PMDB de Odone não chega a ter grande votação, mas vai ao segundo turno do Governo do Estado (derrotado por apenas 1,5% dos votos).
Em 2000, mais uma votação inexpressiva dos pemedebistas e outra vitória do PT. Apesar desses tropeços e de os partidos nanicos difundirem suas propostas durante o primeiro turno e apoiarem um dos lados no segundo, o governo do Estado e da capital têm repetido a disputa. Atestando o conservadorismo gaúcho durante as eleições.
Não fosse a eleição de Fogaça (eleito pelo PPS e agora de volta ao PMDB), de Yeda (PSDB), do surgimento de Manuela d´Ávila em Porto Alegre (o que não foi suficiente para o crescimento de novas forças no Estado), a rivalidade e alternância seria a mesma, entre o antigo PMDB e o já nem tão inovador PT.
O que vemos, agora, é a perpetuação de nossa história. A esquizofrenia de coligações que ocorrem nos pleitos municipais e a força de partidos como PP e PDT, nesses casos, não são suficientes para projetar um novo quadro para 2010.
O que possivelmente veremos nas próximas eleições é um repeteco do que vivenciamos nas ruas porto-alegrenses. O fenômeno pop Manuela não estará na disputa (ela não possui a idade mínima para concorrer); logo, uma terceira alternativa deve surgir. Mas, invariavelmente, enquanto não mudarmos nossa visão, manter-se-á a política do chimarrão. Sempre com erva-mate e água quente.