sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Política do Chimarrão

Publicado no Jornal do Comércio de 22/10/08 e Jornal Nacional de Passo Fundo de 21/10/08
Qualquer um de nós, gaúchos, sabe que, para se fazer um bom mate, precisamos, basicamente, de erva-mate e água quente. Mal comparando, nas nossas eleições, parece que passamos por algo semelhante à Política do café-com-leite, a política do chimarrão.

Na República Velha, alicerçados pelo coronelismo e pelo voto de cabresto — grandes latifundiários que indicavam em quem os eleitores, seus “subordinados”, deveriam votar —, alternavam-se no poder São Paulo (café) e Minas (leite), revezando-se no controle da política nacional por um acordo de bastidores. Quadro esse só alterado quando Vargas assume o governo.
Nos dias de hoje, ainda pagamos o preço por essa articulação, que centralizou a economia no sudeste do país em detrimento aos demais estados, como o RS, onde, de maneira mais visível na capital, assistimos à alternância no poder entre PT (água quente) e PMDB (erva-mate).

A água quente petista passou a ferver nossos pleitos e fazer parte do cenário, ativamente, em 1992, com a eleição de Tarso Genro e a derrota de Schirmer em Porto Alegre. Depois, em 94, Antônio Brito (erva-mate) derrota Olívio Dutra. Em 96, o PT vence na capital ainda no primeiro turno, e, à época, o PMDB de Odone não chega a ter grande votação, mas vai ao segundo turno do Governo do Estado (derrotado por apenas 1,5% dos votos).

Em 2000, mais uma votação inexpressiva dos pemedebistas e outra vitória do PT. Apesar desses tropeços e de os partidos nanicos difundirem suas propostas durante o primeiro turno e apoiarem um dos lados no segundo, o governo do Estado e da capital têm repetido a disputa. Atestando o conservadorismo gaúcho durante as eleições.

Não fosse a eleição de Fogaça (eleito pelo PPS e agora de volta ao PMDB), de Yeda (PSDB), do surgimento de Manuela d´Ávila em Porto Alegre (o que não foi suficiente para o crescimento de novas forças no Estado), a rivalidade e alternância seria a mesma, entre o antigo PMDB e o já nem tão inovador PT.

O que vemos, agora, é a perpetuação de nossa história. A esquizofrenia de coligações que ocorrem nos pleitos municipais e a força de partidos como PP e PDT, nesses casos, não são suficientes para projetar um novo quadro para 2010.

O que possivelmente veremos nas próximas eleições é um repeteco do que vivenciamos nas ruas porto-alegrenses. O fenômeno pop Manuela não estará na disputa (ela não possui a idade mínima para concorrer); logo, uma terceira alternativa deve surgir. Mas, invariavelmente, enquanto não mudarmos nossa visão, manter-se-á a política do chimarrão. Sempre com erva-mate e água quente.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Obrigado


Obrigado.
Esta é a palavra que resume a participação de todos em cada passo dado nesta campanha. Um voto, antes de tudo, é uma assinatura de confiança. Foram 258 que subscreveram nossas propostas e trabalho no dia 5 de outubro de 2008. Data que marca o início de uma nova caminhada! A partir de agora, cabeça erguida e sapatos novos para novos rumos. E, como sempre disse: "Vamo que vamo!"

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Turismo, cultura e representatividade

Publicado no Jornal do Centro

"Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam" (Platão)

É muito comum ouvir-se indagações e afirmativas sobre "se ainda tem sentido continuar falando de política como uma atividade importante".

Prova é este momento eleitoral em que vivemos, quando a política, os eleitores e os candidatos devem se propor a renovar o que não está bom. São pessoas que se esmeram em tentar passar a idéia de que nos podem representar.

Este é o principal papel daqueles que buscam cargos eletivos. Muitos destes, no Centro. Onde fachadas cobertas e obras inacabadas escondem a ociosidade de nossa cidade para com o Turismo e a Cultura.

O meio cultural, que até pouco passava incólume às crises de corrupção, foi maculado por mais um escândalo do Governo Yeda. A razão é muito simples: quando elegemos alguém, esta pessoa é responsável por um conjunto de outras mais. Isso continuará ocorrendo enquanto transparência não for a palavra de ordem daqueles que buscam representatividade.

No meio turístico, no intuito de se criar o chamado "trade" de turismo (de maneira simples, agregar valor ao mercado a partir de investimentos municipais na área) o que estaria ocorrendo é a substituição dos políticos e da política pelo mercado e por técnicos (substituição por cima), e pelas redes de solidariedade e organizações não governamentais (substituição por baixo).

Turismo e cultura andam lado a lado, gerando dividendos para a economia privada a partir da "supervisão" dos governos. Isso se dá, na maioria das vezes, pelas chamadas leis de incentivo. Cabe aos representantes da comunidade fiscalizar a execução de recursos captados. No município, este é o papel do vereador, do legislador.

Onde está o poder municipal para garantir que o lucro seja também da população? Quais os investimentos feitos nessas áreas? E a representatividade daqueles que elegemos e que se comprometeram, na eleição passada, em defender propostas e buscar leis que valorizassem o turismo e as nossas formas culturais, o que fizeram? Qual a grande inovação que percebemos em nossas ruas nos últimos anos?

Centros culturais, a adoção de parques, praças e — pasmem — da Orla do Guaíba não agregam valor aos munícipes, são meros casos de publicidade. Algumas de lisura questionável.

Defendo, há tempos, que o Centro tem que servir de modelo para o município, seja na área da cultura, seja no turismo. A maneira que temos de fazer com que isso ocorra é analisar, nestes dias de política que antecedem ao pleito, quem de fato, tem compromisso com a renovação, com a representatividade do bairro!

Sim! Nestes tempos é que temos que afirmar que a política é uma atividade importante!