quarta-feira, 25 de junho de 2014

"Porto Alegre é uma beleza!" Meu artigo em @opiniaoZh na @zerohora de hoje


Publicado em Zero Hora, 25 de junho de 20140

Depois de 20 anos porto-alegrense, já há alguns outros tantos resido em Brasília. Após alguns meses, no último final de semana, voltei turista e fui surpreendido pela beleza da cidade.
São tantos quês de encantamento, que propus ao prefeito, por uma rede social, adotar o título deste artigo como slogan para a cidade. São ruas de babel, tomadas por estrangeiros que perambulam entre atrações turísticas e “se encontram no cais do porto pelas calçadas”.
Mas são tantos outros encantos. A Copa tomou as ruas e encampou a cordialidade e a gentileza, deixando ainda mais coloridas as casas, os bares e os lugares que se enfeitam no mapa-múndi de tanta “Nuança de paredes”, das quais Quintana falava. E “Há tanta moça bonita”!
Contudo, sou réu confesso do ceticismo quanto ao Mundial e seu possível “legado” após os jogos. Em Porto Alegre, é diferente, haverá de fato uma herança a ser deixada. As ruas já não são as mesmas e os caminhos são tão novos que é possível se perder.
Há uma certeza no ar: o “je ne sais quois” que deu certo e vai bem, uma alegria quase eufórica em senso comum. Talvez porque até o clima tenha colaborado, e o frio, calorzinho gaúcho, tenha tornado cada abraço e cumprimento ainda mais acolhedores.
São várias as novidades pelas ruas, espaços novos que antes quase jazem “en passant” no cotidiano. A orla do Guaíba tem outras cores, tem a Fan Fest, que lota até com chuva. Há a ocupação do Cais e, no final do dia, o pôr do sol pra brindar a noite.
Há obras acabadas da Zona Sul à Zona Norte, e os gaúchos podem contar com duas arenas e passear na Avenida Beira-Rio, como se junto à arquibancada estivessem. Na Copa daqui, “não existem” black blocs.
Evidente, não saiu tudo como o planejado e talvez até se tenha gastado onde, ou de maneira díspar, não se devesse fazer, mas e daí? Os porto-alegrenses saíram ganhando, os gaúchos e brasileiros também, e o comércio, e o turismo e outros tantos.
E, um infortúnio qualquer, que possa vir a acontecer ou tenha ocorrido, não será suficiente para esmaecer o brilho da ode que a Copa fez à cidade. Porto Alegre é uma beleza!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

#Artigo: Uma palmada no menino Bernado


Em breve, a presidente deve sancionar a lei “Menino Bernardo”. Tirante o questionamento se o Estado deve intervir em defesa da preservação da criança no núcleo familiar, cabe a reflexão.
Exemplo hipotético: o pai dá uma palmada na mãe.  Ela bate no filho. Depois, aquele menino gordinho vai levar a dele. Poderia ser o raciocínio de uma criança ao estabelecer a cadeia de violência e agressões. São fatos que procuramos esconder.
Será que a mãe, mulher protegida legalmente contra a violência, assume que bater no filho é um bom método para educar ou está apenas mascarando frustrações pessoais e agressões do marido?
Nesse ponto, omite-se a capacidade de educação a partir do lar.  Enquanto disfarçamos a ignorância com canudos e diplomas, a palmada e suas consequências são veladas e escondidas na família. Foi o que aconteceu com Bernardo.
A interferência do Estado, já existe e está muito bem explicada no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que instigou a criação de Conselhos Tutelares e o surgimento de delegacias especializadas.
Já no meio escolar, procuramos uma explicação pedagógica para nossas agressões. Como subterfúgio, debate-se Bullying e outras formas modernas de violência envolvendo a agressão recíproca.
O principal, ou seja, a origem e os reflexos psicológicos saem do foco. Que trauma uma palmada sem motivo pode provocar? A quantidade de lesões aparentes reflete a verdadeira violência?
Nos artigos de Paulo Freire, renomado educador, é possível identificar uma educação para a paz, engajada no processo educacional, sem palmatórias físicas ou psicológicas.
Ora, se somos conscientes e detentores da força física, agentes das palmadas, temos que inferir sobre o que pode pensar uma criança ao ser agredia pela pessoa que deveria acariciá-la e zelar pela sua segurança e bem estar.
Hipocrisia dizer que bater educa, que não dói e que não se deve revidar. Não é batendo hoje que seremos poupados amanhã. Assim como é hipócrita renomear a lei que o Estado cria pra suprir sua omissão.
Mais uma palmada em Bernardo, morto pelas mãos dos que agora legislam e tiram fotos ao lado da Xuxa.