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quinta-feira, 8 de maio de 2014

#Artigo #SomosQuemPodemosSer



Diz a música que dá título a este artigo que “A vida imita o vídeo”. Verdade. Bastou o jogador Neymar postar uma foto com uma banana e a tag #somostodosmacacos para adestrar uma legião de seguidores.
Daí pra frente, pulularam versões da imagem. Famosos (e anônimos como eu) saíram fazendo pose para fotos com bananas. Causaram raiva naqueles defensores das minorias, que entenderam isso como mais uma forma de discriminação. Afinal, #SomosTodosHumanos.
Distante de discussões sobre criacionismo, evolucionismo, darwinismo e outros “ismos” que permeiam conversas de bar, ficou de lado a discussão principal: somos ou não racistas? Sim. Eu sou, você é. E a pessoa negra que lê este artigo também! É provável.
Diariamente, jogamos bananas em nossa sociedade. E mesmo nossa resposta às agressões é medíocre. O preso estereotipado é sempre o preto e pobre. Quando não é encarcerado, é a ele que se oferece o subemprego, a tarefa recusada ou qualquer outra função que nos deixe reconfortar a cabeça no travesseiro sem peso na consciência.
E, numa tentativa falha de dissimular nossos erros, aumentamos a segregação. O governo cria cotas com o discurso hipócrita de inclusão e resgates históricos. Outras minorias se habilitam e criam as suas. E lá vamos nós tapando sol com a peneira.
Suponho o dia em que recrudesceremos tanto em razão de nossas imperfeições e necessidade de nos vendermos politicamente corretos que não haverá mais lugar para o coletivo. A ditadura das minorias tende a subjugar a vontade da maioria.
Exemplificando: imagine uma composição em que cada vagão é destinado a uma minoria. No último, os ciclistas engajados. No seguinte, as mulheres. No próximo, os negros. E assim por diante até o ponto em que dentro desses ainda haja os assentos especiais. Loucura.
Outro ponto que a ação do atacante de seleção levanta é: isso é verdade? Posso sair aderindo à “brincadeira” ou tenho que esperar um parecer da mídia? Foi uma ação de marketing? E o outro jogador (o que comeu ao invés de fotografar a banana) também foi patrocinado?
Não importa mais se #eunãomereçoserestuprado (ou comer bananas). Vindas das redes sociais, é certo que a velocidade com que as verdades são “compradas” têm comprometido nosso discernimento.
E antes que transformemos cada posição ou palpite em dogmas absolutos cabe reforçar o que diz a música de Humberto Gessinger:
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem
#SomosQuemPodemosSer

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

#Artigo: Quero uma cota pra mim!

Publicado na Revista Voto
Contrariamente ao que pensa a nova sociedade do “politicamente correto”, é indispensável questionar as políticas afirmativas que pretendem “resgatar dividas históricas” a partir da implantação de cotas.
Senão, vejamos: o governo federal pretende destinar mais, frise-se, 20% de vagas em concursos públicos a afrodescendentes. Hoje, pessoas com deficiência já possuem cerca de 5% a 20% dos cargos disponíveis em seleções públicas. Logo, existe a possibilidade de todos os demais concorrentes disputarem 60% dos cargos.
Essa “reserva racial” incentivada pelo Poder Executivo está longe de assegurar igualdade. Exemplificando, há o caso dos gêmeos idênticos inscritos no vestibular em Brasília, um considerado negro e beneficiado e outro não. Outro exemplo vem do Itamaraty, que aprovou, através das cotas, uma pessoa branca de olhos azuis que se autodeclarou negra.
Com tamanha subjetividade e a mestiçagem que caracteriza o povo brasileiro, cabe o questionamento:  não estaremos, sob o pretexto de promover igualdade, ignorando aptidão e mérito e promovendo o racismo? E mais, eu sou ou não negro? E você, é?
Por vivência própria, e não obstante a infância pobre e carente, como muitos, ingressei, ainda pré-adolescente, no mercado de trabalho. Disputei vagas desde aquela época, para o segundo grau em escola pública, faculdade, concursos e demais processos seletivos. Até hoje, não me foi oportunizado dividir um “pedaço do bolo” com menos concorrentes.
Ora, todos passam por vitórias e derrotas, e o que deve nos diferenciar não é a cor da pele, a etnia, o gênero, a genealogia ou, até, o credo, nem tampouco a política de, em tese, promover a igualdade social a partir de privilégios.
E, corroborando com a manifestação da escritora Lya Luft: “Qualquer sistema de cotas, seja por raça ou tipo de escola freqüentada, é atrasado e injusto. Isso tem de acabar. Provoca mais discriminação, fomenta o ódio racial, e não ajuda a ninguém. É populismo burro. Tentativa de enganar os bobos.“
Mas não só o governo defende a falsa tese de saldar equívocos na aplicação de políticas públicas ou não. Os partidos têm que disponibilizar 30% das vagas a gênero (entenda-se mulheres), e tramita junto a Câmara dos Deputados cota para parlamentares índios. Como se esses gestos melhorassem nossa classe política.

Então, ao invés de incentivar vantagens, não há que nossos governantes propiciarem igualdades na formação educacional, cultural e profissional? Afinal, se não for assim, também quero uma cota pra mim!