segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Artigo: O Meu Partido


“Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro.”

A epígrafe acima é da música “Ideologia”, de Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, que já à sua época entoava: “eu quero uma pra viver”. A faixa era título de álbum homônimo, lançado em 1988.
Naquele ano, pós Era Militar, a nova Constituição  consolidou o presidencialismo. Desde então, sobrevieram agremiações partidárias que procuram representar diversos setores e anseios da sociedade, matizes  originados entre esquerda e direita.
A soma desses fatores, do sistema pluripartidário ao presidencialista, deu origem às coligações e aos governos de coalizão. Em geral, essas aglutinações de partidos se dão objetivando resultados eleitorais e, posteriormente, a governabilidade. No Brasil, os partidos vencedores compõem a chamada “base do governo” ou “base aliada”.
De outro lado, a oposição é composta por partidos avessos ao governo. Com isso, o fator ideológico ficou de lado e, hoje, as agremiações tratam de ser ou não governo. Pode, pois, um mesmo partido ser governo na esfera federal, oposição em um estado e ambos em um determinado município que lhe convier.
Em qualquer dos casos, há os benefícios públicos, como o Fundo Partidário, valor proporcional assegurado a cada um dos partidos brasileiros. Há também o horário gratuito, o tempo de televisão, as barganhas políticas, a troca de influência, poder e cargos.
Direitismos e esquerdismos à parte, quando alijados desse processo, políticos descontentes transformam seus pares mais próximos em um novo partido – independente de característica ideológica ou de quais agremiações ou movimentos sociais tenham sido oriundos.
Exemplos afloram: na esquerda há o PSOL, de procedência petista; na direita, o DEM, nova roupagem do  PFL; no muro há o PSD, provindo de todos os cantos, sem falar no falecido PAN (aposentados da nação) e do extinto PRN, do ex-caçador de marajás, Fernando Collor.
Há mesmo distinção ideológica entre as trinta (!), quase trinta e uma siglas partidárias existentes no Brasil ou se trata apenas de interesses pessoais ou de pequenos grupos? O “não-partido” dos “sonháticos” será tão distinto assim do Partido Verde? Se lutamos tanto pelo multipartidarismo, então, por que não ser partido?
Existem mais, podem vir por aí o Partido dos Militares, dos Indígenas, o Pirata (dos “nerds”) e tantos outros que em breve teremos o “partido dos sem ideologia”, dos não-governo e da “nova oposição”. São as peculiaridades da nossa democracia, que mantém estagnada a reforma política no Congresso enquanto proliferam-se siglas pelo país.
Por fim, como clamava Cazuza: “Brasil, mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim!”

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Artigo: A nova oposição



Após o término da Era Militar, a Constituição de 1988 consolidou o presidencialismo. Desde então, sobrevieram agremiações partidárias que procuram  representar diversos setores e anseios da sociedade, matizes originadas entre esquerda e direita.
Com o movimento “Diretas Já”, reconquistamos o direito ao voto presidencial. É verdade que, por vezes, tropeçamos em nossas escolhas, característica do exercício da liberdade democrática. Todavia, já nos organizamos em “caras pintadas” e hoje o fazemos pelas redes sociais. Mantemo-nos alertas e caminhamos a passos largos na consolidação do Estado Democrático de Direito e na escolha de nossos representantes.
Nesse alicerce, elegemos os presidentes do Brasil. Agora, com a presidente Dilma, são decorridos dez anos em que nosso país é dirigido por um mesmo partido. Com o regime presidencialista apoiado por diversas siglas e em nome da governabilidade, governo e base aliada (partidos que compõem o governo) aglutinaram conquistas e derrotas.
 No aspecto econômico, enfrentamos a crise internacional sem que o pesadelo da inflação ou da recessão nos atingisse diretamente. Com medidas preventivas, mantivemos, mesmo que modestamente, os patamares da economia e da sociedade.
De outro lado, a oposição, quando derrotada no Congresso Nacional, costuma recorrer ao Supremo Tribunal Federal buscando atravancar o governo e judicializando o Legislativo, tendo como motivador o rancor eleitoral.
Diante dessa rivalidade e do desgaste pelo qual passa o governo é preciso deixar de lado o revanchismo e buscar um posicionamento propositivo. Melhorar o que está bom e o que está ruim, destravar reformas importantes como a política e a tributária. O Brasil é o bem maior, acima das disputas, onde a corrupção deve ser combatida e as barganhas abandonadas.
Essa é a “Nova Oposição”, consciente da necessidade de ser autocrítica e fazer parte do governo. Sabedora de que oposicionismo em si não se sustenta nem se estabelece, mas se faz com propostas e soluções, pró-ativa em fiscalizar e propor.
A nova oposição é feita, sim, por partidos, mas acima de tudo, por ideias e pelo ideal de que o governo de um país não se constrói sozinho, mas com apoio de partidos e da participação popular.