quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Turismo, cultura e representatividade


“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam"  (Platão)

 

            É muito comum ouvir-se indagações e afirmativas sobre “se ainda tem sentido continuar falando de política como uma atividade importante”.

            Prova é este momento eleitoral em que vivemos, quando a política, os eleitores e os candidatos devem se propor a renovar o que não está bom. São pessoas que se esmeram em tentar passar a idéia de que nos podem representar.

            Este é o principal papel daqueles que buscam cargos eletivos. Muitos destes, no Centro. Onde fachadas cobertas e obras inacabadas escondem a ociosidade de nossa cidade para com o Turismo e a Cultura.

            O meio cultural, que até pouco passava incólume às crises de corrupção, foi maculado por mais um escândalo do Governo Yeda. A razão é muito simples: quando elegemos alguém, esta pessoa é responsável por um conjunto de outras mais. Isso continuará ocorrendo enquanto transparência não for a palavra de ordem daqueles que buscam representatividade.

            No meio turístico, no intuito de se criar o chamado “trade” de turismo (de maneira simples, agregar valor ao mercado a partir de investimentos municipais na área) o que estaria ocorrendo é a substituição dos políticos e da política pelo mercado e por técnicos (substituição por cima), e pelas redes de solidariedade e organizações não governamentais (substituição por baixo).

Turismo e cultura andam lado a lado, gerando dividendos para a economia privada a partir da “supervisão” dos governos. Isso se dá, na maioria das vezes, pelas chamadas leis de incentivo. Cabe aos representantes da comunidade fiscalizar a execução de recursos captados. No município, este é o papel do vereador, do legislador.

Onde está o poder municipal para garantir que o lucro seja também da população? Quais os investimentos feitos nessas áreas? E a representatividade daqueles que elegemos e que se comprometeram, na eleição passada, em defender propostas e buscar leis que valorizassem o turismo e as nossas formas culturais, o que fizeram? Qual a grande inovação que percebemos em nossas ruas nos últimos anos?

            Centros culturais, a adoção de parques, praças e — pasmem — da Orla do Guaíba não agregam valor aos munícipes, são meros casos de publicidade. Algumas de lisura questionável.

            Defendo, há tempos, que o Centro tem que servir de modelo para o município, seja na área da cultura, seja no turismo. A maneira que temos de fazer com que isso ocorra é analisar, nestes dias de política que antecedem ao pleito, quem de fato, tem compromisso com a renovação, com a representatividade do bairro!

Sim! Nestes tempos é que temos que afirmar que a política é uma atividade importante!

Planejamento por debaixo da “ponte”


 (Publicado no Jornal de Centro)

Para a história da cidade, o Viaduto Otávio Rocha, que passa sobre a Borges de Medeiros na altura da Duque de Caxias, é um dos marcos mais visíveis no Centro. Foi construído em 1914, tombado em 1988 e reformado em 2001. Desde sua criação, sofre com depredações.

Ali, estão situadas, quase que desapercebidas pelos transeuntes e pela pressa do nosso dia-a-dia, 36 lojas com produtos que vão desde artigos religiosos a barbearia e venda de discos vinil. O que não foge aos olhos de quem passa é a deterioração do local, tanto nas escadarias quanto nos arcos da Borges com suas paredes pichadas.

Os banheiros que ali existiam, bem como as escadarias centrais que interligam Duque e Borges e que são desconhecidas da população, foram fechados pela prefeitura. Dia e noite, usuários de drogas e desabrigados freqüentam ou se “hospedam” pelos degraus.

Mas, depois da reforma até hoje, onde estava a prefeitura para garantir os cerca de 1 milhão de reais de investimento? Quando se reforma, não se pensa em manutenção? Por que as sugestões dos comerciantes com relação à segurança não foram atendidas? Por que as pichações e infiltrações continuam?

Agora, servindo de mais um exemplo de obra de ano eleitoral, como ocorre com a construção do camelódromo (prometido para maio) e o asfaltamento das ruas mais visíveis, algumas reivindicações estão em estudo. Para o problema das pichações, por exemplo, a terceirização dos problemas se deu pelo disque-pichação da Guarda Municipal. Ou seja, a prefeitura exime-se de manter o patrulhamento e transfere a fiscalização para o cidadão, trabalhando exclusivamente sob demanda.

Para a segurança, oito câmeras de monitoramento foram prometidas para serem instaladas. Já é um começo, mas ainda não é o suficiente e promessas têm que ser concretizadas. Quando isso acontecer, pode evitar furtos de cabos e luminárias e talvez alguns atos de vandalismo que ali ocorrem. Mas resolve o problema dos desabrigados que usam o local como moradia? Ou será apenas um “Big Brother” para a prefeitura?

Ora, quando fazemos, nós, qualquer tipo de investimento, sempre nos preocupamos em como iremos mantê-lo depois, é assim com carro, casa e nossos bens particulares. Se isso nos parece tão óbvio por que o poder público não o faz?

O Executivo deve pensar suas soluções para a cidade e para o Centro de maneira planejada para que qualquer recurso público seja bem aproveitado. Nosso bairro, deve servir de modelo como solução para os demais!