sexta-feira, 8 de novembro de 2013

#Artigo: Quero uma cota pra mim!

Publicado na Revista Voto
Contrariamente ao que pensa a nova sociedade do “politicamente correto”, é indispensável questionar as políticas afirmativas que pretendem “resgatar dividas históricas” a partir da implantação de cotas.
Senão, vejamos: o governo federal pretende destinar mais, frise-se, 20% de vagas em concursos públicos a afrodescendentes. Hoje, pessoas com deficiência já possuem cerca de 5% a 20% dos cargos disponíveis em seleções públicas. Logo, existe a possibilidade de todos os demais concorrentes disputarem 60% dos cargos.
Essa “reserva racial” incentivada pelo Poder Executivo está longe de assegurar igualdade. Exemplificando, há o caso dos gêmeos idênticos inscritos no vestibular em Brasília, um considerado negro e beneficiado e outro não. Outro exemplo vem do Itamaraty, que aprovou, através das cotas, uma pessoa branca de olhos azuis que se autodeclarou negra.
Com tamanha subjetividade e a mestiçagem que caracteriza o povo brasileiro, cabe o questionamento:  não estaremos, sob o pretexto de promover igualdade, ignorando aptidão e mérito e promovendo o racismo? E mais, eu sou ou não negro? E você, é?
Por vivência própria, e não obstante a infância pobre e carente, como muitos, ingressei, ainda pré-adolescente, no mercado de trabalho. Disputei vagas desde aquela época, para o segundo grau em escola pública, faculdade, concursos e demais processos seletivos. Até hoje, não me foi oportunizado dividir um “pedaço do bolo” com menos concorrentes.
Ora, todos passam por vitórias e derrotas, e o que deve nos diferenciar não é a cor da pele, a etnia, o gênero, a genealogia ou, até, o credo, nem tampouco a política de, em tese, promover a igualdade social a partir de privilégios.
E, corroborando com a manifestação da escritora Lya Luft: “Qualquer sistema de cotas, seja por raça ou tipo de escola freqüentada, é atrasado e injusto. Isso tem de acabar. Provoca mais discriminação, fomenta o ódio racial, e não ajuda a ninguém. É populismo burro. Tentativa de enganar os bobos.“
Mas não só o governo defende a falsa tese de saldar equívocos na aplicação de políticas públicas ou não. Os partidos têm que disponibilizar 30% das vagas a gênero (entenda-se mulheres), e tramita junto a Câmara dos Deputados cota para parlamentares índios. Como se esses gestos melhorassem nossa classe política.

Então, ao invés de incentivar vantagens, não há que nossos governantes propiciarem igualdades na formação educacional, cultural e profissional? Afinal, se não for assim, também quero uma cota pra mim!