quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Que venha a crise! Meu artigo em @opiniaozh publicado na @zerohora de hoje http://bit.ly/SUUDiY



12 de dezembro de 20120
Não é de hoje que o Legislativo não cumpre o seu papel como deveria. Talvez o tenha feito pela última vez na Constituinte de 1988. Desde então, o que se vê são legisladores que procuram suplantar brechas constitucionais.
A declaração recente do presidente da Câmara dos Deputados de que "isso vai criar uma crise entre o Judiciário e o Legislativo" _ a respeito da possibilidade de parlamentares condenados através da Ação Penal 470 (mensalão) terem seus mandatos cassados de forma automática _ trouxe holofotes necessários a uma crise de funções já sacramentada entre os poderes.
A Constituição é a lei máxima de um país. Mas e quando esta deixa dúvidas sobre a sua aplicação, opondo-se e gerando interpretações entre o cumprimento de seus princípios ou a aplicação do Código Civil ou Penal? Por lógico, cabe ao Judiciário, mais especificamente ao Supremo Tribunal Federal (STF), dirimir quaisquer incertezas. Contudo, não há tal lógica quando os afetados são integrantes de um dos poderes.
A dúvida que se levanta é: não fosse a vicissitude da decisão do Supremo atingir alguns de seus pares (não só de partido, mas também de governo), estaria o Legislativo questionando a "intromissão em prerrogativa da Câmara dos Deputados", como disse seu presidente? Provavelmente, não.
As instituições são corporativistas e exemplos não faltam. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou, com articulação do Judiciário, o aumento de subsídios para o cargo de procurador-geral da República e, pela provável "similaridade remuneratória entre carreiras jurídicas", o efeito cascata deve atingir Ministério Público e outras carreiras, com um custo para os cofres públicos, nos próximos dois anos, de R$ 30 bilhões, segundo um deputado que se manifestou contrário à proposta.
Mas e quando ocorre o oposto? O Legislativo causando interferência nas decisões a serem tomadas pelo Judiciário? Caso sabido é o de deputados que, pendurados a seus cargos e já condenados em duplo grau de jurisdição, recorrem ao Supremo para manter seus mandatos e, depois, articulam para que a decisão a respeito de seus casos não seja tomada e não entre sequer na pauta do STF. Não deveria o parlamento ter-lhes cassado o mandato?
São relatos que nos levam à indagação maior: qual o papel do legislador? Enquanto os próprios parlamentares não assumirem a natureza de suas prerrogativas _ de causa, o papel para o qual foram eleitos e o desempenho de suas atividades; de efeito, o inevitável vácuo legislativo e "judicialização" de nossas leis _ haverá, sim, a sobreposição de atribuições e poderes.
Que venha a crise entre os poderes! A boa crise, para que voltemos a ter um Congresso forte e um Judiciário independente.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Artigo: 2013, o ano da reforma política


Entre país do futuro a país das reformas e dos marcos regulatórios – a lembrar: pacto federativo, reestruturação tributária, previdência, internet, o Brasil esforça-se em busca do desenvolvimento. São  tamanhas  as brechas constitucionais e necessidades que é difícil traçar prioridade sobre o que fazer primeiro.
Na Câmara dos Deputados, a Comissão Especial criada para tratar da reforma política deveria encarregar-se de propor nova legislação e sanar lacunas. Da definição de sistemas eleitorais (voto em lista e distrital, por exemplo) às formas de participação direta – como plebiscito, referendo e iniciativa popular parcos foram os avanços.
Não fosse um aspecto, assunto quase esquecido: com a atenção da mídia e a condenação de marqueteiros, financiadores e políticos pelo mensalão (Ação Penal 470), o financiamento público de campanha permaneceu em pauta. Porém, estancaria os desvios que envolvem as agremiações partidárias, uma vez que réus afirmaram categoricamente a existência de “caixa dois” nas campanhas eleitorais brasileiras?
Talvez sim, apesar do descrédito da classe política. Até agora, o modelo privado afirma-se fracassado. São incontáveis e mirabolantes as artimanhas utilizadas por alguns parlamentares e detentores de cargos para recompensar empresas, lobistas e financiadores, fazendo com que o interesse privado domine a coisa pública.
Contudo, “quem não quer a reforma política e por que ela não anda?”, pergunta feita, curiosamente, pelo condenado Zé Dirceu em seu blog, na véspera das eleições municipais. A primeira resposta: o governo. A segunda, este mesmo governo. Antes, não havia interesse em qualquer avanço na área. O governo detém a relatoria, e maioria na Comissão Especial e no plenário da Câmara, além da presidência da Casa. Agora, pós-eleições, o cenário é outro.
O PT conquistou São Paulo, mas perdeu cidades importantes. Viu o PSD se consolidar com Kassab, o PSB crescer com Eduardo Campos, o PMDB se reestabelecer com Paes e preparar-se para assumir as presidências da Câmara e do Senado simultaneamente. E ainda há a ameaça permanente do PSDB e casos regionais como o PDT do RS.
Também é preciso evitar movimentação dos partidos, distanciamento da base, “coligações Frankenstein” que causem derrotas, dúvidas sobrecaixa dois”, garantir transparência e assegurar currais eleitorais e recursos para campanha. É mister aproveitar o vácuo Legislativo, suplantar a obsoleta Lei Eleitoral e impedir outra “judicialização como a ocorrida com a Lei da Ficha Limpa, a fidelidade partidária e a cláusula de barreira.
Tudo isso de maneira legal e um ano antes das eleições de 2014, para que, pela legislação, já possa vigorar. Logo, 2013 é o ano da reforma política. 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Artigo: "A ascensão do governador" - um alerta a @tarsogenro


O pior cego é aquele que não quer ver. O dito popular serve, em muito, para o momento que vivencia o governo do Estado. Talvez seja hora de “observar a floresta de cima do monte”.
Como muitos dos gaúchos, a carreira política do atual governador iniciou no meio estudantil. Foi vereador pelo MDB, vice-prefeito, secretário, prefeito, ministro da Educação, Relações Institucionais e Justiça, e também presidente nacional do Partido dos Trabalhadores. Currículo não lhe falta.
No primeiro turno de 2010, elegeu-se prometendo melhorias na Educação, Saúde e Segurança – a praxe entre candidatos. Além disso, um possível alinhamento com o governo federal facilitaria investimentos e crescimento do Rio Grande. Ao assumir, compôs um governo de coalizão, com vários partidos integrando o Executivo e ampla base na Assembleia. Estava pavimentado o caminho para o sucesso.
Já no início da administração, o Executivo adota prática semelhante à União – que se vale de Medidas Provisórias para acelerar a tramitação legislativa – e encaminha seus projetos em regime de urgência. Reorganiza e cria secretarias e quadro de pessoal. Valendo-se da popularidade recém-conquistada e de uma oposição fraca, deu forma e “cara” ao novo governo.
Passados cem dias, uma das promessas de campanha bateu à porta do Piratini: o piso nacional do magistério. Entidade forte, o CPERS cobrou o cumprimento do discurso. Sem alternativa, o RS e outros estados tentaram, via judicial, descumprir a obrigação. Não funcionou. Desdobramento recente, o Supremo de Joaquim Barbosa indeferiu o pedido.
Não foi a primeira derrota do Piratini, que tem buscado o Judiciário para resolver problemas administrativos. Não obstante, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) está de olho na Receita Pública, cobrando aplicação de recursos, desde os 12% constitucionais da Saúde à recomposição do famoso caixa único.
Na Segurança, a mudança no critério de promoções da Brigada Militar acirrou idiossincrasias da corporação. Houve perda de recurso federal para a execução de projetos como a construção de presídios. Diante da inércia e imobilidade na área, o secretário da pasta balança no cargo.
A casa está bagunçada. Exemplo sintomático, o secretário de Infraestrutura abandonou o navio, alvejado pelo fogo amigo. E há outros, por desejo próprio, com o pé na rua. Para piorar, existe risco de recessão, e o RS pode ser a Grécia do Brasil, como alertou o economista Darcy Carvalho dos Santos, em recente artigo de Zero Hora.
Há, ainda, a dívida com a União e com os pedágios, o investimento em estradas, os precatórios, contratos do DAER e um sem-fim de “pontas” soltas. Tudo com “um olho no Estado e outro em 2014”.
Ou o governador costura uma mudança radical ou resta esperar pela queda.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Igualdades desiguais - Artigo sobre a distribuição dos Royalties do Petróleo


O Brasil é um mapa de igualdades desiguais. Prova inconteste dessa afirmação são os “royalties” do petróleo e nossas capitais - ímpares em suas riquezas e plurais em seus problemas. Porto Alegre e Rio de Janeiro representam essa dicotomia.
Regra geral, “royalty” é a palavra inglesa usada para representar o lucro percentual ou compensação financeira que a União, Estados e Municípios recebem pela extração de recursos naturais provenientes de seus territórios. Royalties do petróleo é o pecúlio destinado a cada um desses entes federativos pela extração e/ou comercialização de petróleo e gás natural.
Aprovada na Câmara dos Deputados, sua distribuição suscita opiniões divergentes. Se, sob um aspecto, procura compensar a todos os estados e municípios brasileiros, por outro, mexe no bolso daqueles que, até agora, eram os únicos a usufruir dessa riqueza. Em ambos os lados, manifestações de governadores e prefeitos, cada qual preocupado com o próprio “umbigo”, sem pensar na igualdade de nossa nação.
Para assegurar esse pensamento e com a obrigação de cumprir contratos e garantir segurança jurídica (neste caso, com interesses internacionais), a presidente Dilma vetou parcialmente o projeto formulado e devolveu a “bola” para os parlamentares, acrescentando uma Medida Provisória (MP) para, supostamente, sanar omissões e garantir isonomia entre estados produtores e não produtores, e também especificar para onde irão os recursos.
O centro de toda a discussão está na divisão da riqueza. Porto Alegre é a representante dos municípios gaúchos. Organizados através da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), mobilizaram-se para que o projeto aprovado no Congresso fosse sancionado. Diferente do Rio, a costa gaúcha não é privilegiada.
Talvez a maior pluralidade carioca seja a violência (e não o samba) que se espalha pelo país e em sua capital pode ter origem. De qualquer modo, o Rio de Janeiro também se engajou na disputa pelas benesses do “ouro negro” e, quase que de maneira institucionalizada, propagou uma suposta falência do RJ por possíveis perdas e promoveu mais um “Veta, Dilma!” (#vetadilma nas redes sociais).
Além de integrarem partidos que sustentam a base do governo no Congresso Nacional, José Fortunati e Eduardo Paes - respectivamente, prefeitos da capital gaúcha e carioca - foram reeleitos gozando de altos índices de aprovação em seus governos junto ao eleitorado. Em geral, suas posturas e manifestações representam a peculiaridade dos demais municípios de seus Estados.
Para ambos, o próximo governo deve ser marcado por rearranjos administrativos. Em meio às incertezas da crise econômica internacional, de indefinições internas como a dos royalties, será que é hora de aumentar as despesas, como fará Porto Alegre, ao custo R$ 8,5 milhões ao ano? Ou seremos desiguais em nossa austeridade?

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A vertente hegemônica - Artigo em que contraponho @rolimmarcos


A vertente hegemônica

Entre amigos, costumo dizer que o rancor político entre esquerda e direita só será sobrepujado - pela afirmação democrática e o anseio pelo bem comum da população - quando minha geração e as que me antecedem deixarem de existir. De fato, morrerem. Somos filhos da ditadura.
É esta mágoa, como a que as crianças maltratadas física e psicológica têm dos pais, que move embates entre políticos e cidadãos mais atentos à política. Há sempre os que dizem: “os gaúchos são os mais politizados.” Também somos os mais passionais, do futebol à religião e à política.
Nossa democracia dá seus passos de mãos dadas com a corrupção, ferida putrefata de nossas origens, de brasileiros que somos. Mesmo assim, há que se comemorar a estabilidade econômica e a pouca interferência da crise internacional em nosso dia a dia. Estamos consolidando o que é possível, não há mais espaço para extremismos, nem à esquerda, nem à direita.
Ao falar em fascismo – cuja origem refere-se ao totalitarismo de ultradireita, em um estado que se sobressaia aos anseios de sua população e em seu nome restrinja direitos – não se pode suscitar que ele venha a se estabelecer junto à nossa cidadania sem que situemos o recente e atual exercício político de nossos governantes.
Senão vejamos: superado o fracasso da primeira eleição presidencial pós-regime militar, com o afastado Fernando Collor e o transitivo Itamar Franco, Fernando Henrique foi eleito por um partido social-democrata. Como tal – para espanto de muitos – um integrante da esquerda.
Depois dele, ingressamos na era do Partido dos Trabalhadores. Dilma sucedeu Lula, e desde FHC somos um país com destaque mundial por nosso posicionamento político através da democracia representativa. Poderíamos dizer, ao teorizar, que essa postura política é um “mix” entre as “dominações” Legal, Tradicional e Carismática proposta por Max Weber e o chamado “bloco hegemônico” de Antonio Gramsci.
Dados os fatos, nossos governos recentes são a representação de uma hegemonia de esquerda que procura a perpetuação no exercício do poder. Através de seus eleitos um pouco mais ou um pouco menos à esquerda. Exemplo recente foi o silêncio (que silencio?) dos partidos à direita, nunca manifesta em seus programas e propostas de governo durante as eleições.
Logo, onde está a direita e a “vertente fascista” preconizada em artigo assinado por Marcos Rolim no dia 18/11 em Zero Hora? O que temos, na verdade, no cenário proposto, é a ineficácia desses governos em promover “políticas antirrisco”, uma iminente recessão, a ausência de consolidação de suas instituições políticas e o suposto estopim: a falta de segurança pública, que propiciaria a “legislação de exceção tendente a suprimir direitos e garantias individuais”.
Ao contrário, é a vertente hegemônica que procura controlar a imprensa, impedir o surgimento de novos partidos, degradar o Supremo Tribunal Federal, partidarizar a educação e “ver pelo em ovo”.
Caberia apontar quem são os fascistas? Onde estão? O que é ser fascista hoje, querer a ordem e bandidos na prisão?

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Artigo: Obrigado, Barbosa!


Engana-se quem pensa que o agradecimento acima refere-se às condenações que o ministro do Supremo Tribunal Federal – STF, imputou ao réus da Ação Penal 470, o “mensalão” condenados. Há mais motivos para gratidão.
Voltando um pouco no tempo, quando surgiram, as TV´s institucionais – caso do Legislativo e do Judiciário –, tinham por objetivo primordial aproximar a população de seus órgãos e integrantes. Mesmo argumento ainda usado para manter no ar a jurássica voz do Brasil.
Geralmente ao vivo, TV´s Câmara (vereadores e deputados), TV Senado e TV Justiça veiculam seus métodos de trabalho e, pela produção de conteúdo, disseminam informações para outros veículos. Com isso, Legislativo e Judiciário procuram trazer à população o mesmo “senso comum” que possui o Executivo sobre seu papel na sociedade.
Meta alcançada pelos ministros que julgam a Ação Penal 470, o mensalão (outro neologismo de nossa criativa política), principalmente por seu relator e revisor. Juntos, no decorrer do processo, continuam travando debates e discussões belicosas, ganharam holofotes para si e seus colegas e viraram personagens das redes sociais. Ponto um: a mídia conheceu o Supremo. A população, por conseguinte.
Com isso, termos advocatícios como “ampla defesa”, “direito ao contraditório”, “duplo grau de jurisdição” – todos usados pelos réus para opor as acusações –, passaram a fazer parte do nosso vocabulário cotidiano. O mesmo ocorrendo com “conhecimento do fato”, “dosimetria” e o mais usado antes de contrapontos, o popular “data vênia”, além de outros jargões.
Ponto dois: a exposição dos partidos e de suas maracutaias no poder. PSDB e PT travam uma batalha à parte entre farpas e fagulhas no transcorrer do julgamento. Ambos em uma disputa acusatória do “menos pior” e “foi ele quem começou”. Contudo, o Partido dos Trabalhadores, da presidente, é o mais inconformado, pois seu alto clero está prestes a ir ao calabouço.
(Mesmo assim, é injustificável o manifesto protagonizado contra a instituição da mais alta corte brasileira e suas decisões. Também a hipótese de a agremiação criar um “caixinha” para pagar as multas dos condenados. Atitudes antirrepublicanas de quem se julga acima do bem e do mal. Nesse jogo, pessedebistas saíram em defesa do tribunal).
 Outro ponto, esclarecida a dúvida da existência do mensalão, é a condenação, quase despercebida, da “dona do caixa”,  o Banco Rural, cuja funcionalidade para corruptos e corruptores oriunda da era Collor/PC Farias. O que já leva outros integrantes do sistema financeiro a rever seus atos. Porém e estranhamente, o Banco Central permanece calado na plateia.
Ao final, entre tantas ilações possíveis, o ponto em destaque é a transparência do processo levado a público e o fim da impunidade, o papel da imprensa, a aproximação do Judiciário da população, a percepção sobre trâmites processuais, o novo pensar antes de agir que deverão ter partidos, políticos, bancos, publicitários, nós mesmos.
Por tudo isso, obrigado, Barbosa!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A próxima vítima - meu artigo publicado em @Zerohora de hoje



14 de novembro de 2012 | N° 17253


ARTIGOS
A próxima vítima, por Clei Moraes*
Segundo a Constituição, em seu artigo 144, “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Tudo bem. Mas e daí?



Saúde e educação também são direitos constitucionais assegurados, inclusive com destinação explícita de recursos, ao contrário da segurança. Isso não impede que ações sejam definidas independentemente de investimento, principal argumento quando o assunto é referido.

Para suprir essa dificuldade, garantir a aplicação de recursos e a valorização dos operadores de segurança tramita (tramita?) no Congresso o projeto de emenda à Constituição, a PEC 300, que, entre outros temas, procura sanar a diferença salarial entre esses profissionais nos Estados brasileiros.

Esse artifício, semelhante ao utilizado no piso nacional dos professores, é imediatista. Parêntese: decorrência direta, produz quinquilharias jurídicas como a que impetra o governo do RS, em conjunto com outros Estados, através de Adin – ação direta de inconstitucionalidade. Serve para ganhar tempo.

Voltando à segurança: quando nos referimos ao que é público, o fazemos em razão de seu impacto sociológico, custo social e humano, do interesse coletivo, do povo e dos respectivos governos, do municipal ao federal (responsabilidade de todos). Regra crua, isso é segurança pública, definida a partir de seu público (cidadãos) e governo.

Ora, mas e os políticos, com ênfase nos eleitos? Ao que parece, a política nacional assiste (do prefeito à presidente, passando pelas esferas legislativas), quase que “de braços cruzados”, a uma inversão de valores, situações explícitas no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde o dever do Estado foi aprisionado e mantido refém pela bandidagem.

No Rio, para combater o tráfico nas favelas, os poderes policial do Estado e policialesco do Exército “subiram o morro” para combater a violência. Em São Paulo, começa-se a enfrentar essa ordem inversa pela qual passaram os cariocas.

Medidas de urgência, mais uma vez, serão adotadas com apoio do governo federal. Em ambos os Estados, repressão e combate surgiram depois que a gravidade dos fatos veio à tona. O mesmo deve acontecer na Bahia, que supera São Paulo em número de policiais mortos em 2012.

Quantas mortes deverá ainda haver para que haja mobilização nacional, a partir de nossos governantes, acima de interesses partidários, em prol da população que os elegeu? Em resposta, é preciso que as ações de segurança pública não sejam pontuais e reflitam políticas de segurança pública ativas e constantes, em um verdadeiro pacto federativo. Sozinhas, as instituições fracassam.

Em segurança pública, prevenir sempre será o melhor remédio. Ou deixaremos que a insegurança arrombe nossa porta para, só então, trancá-la com ferro? O Rio Grande do Sul, governado por um ex-ministro da Justiça, já perdeu recursos federais na área. Seremos a próxima vítima?
*POLITÓLOGO, EX-COORDENADOR DE PROJETOS SSP/RS
Link direto em ZH

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Condenada com perda dos direitos políticos, Stela Farias defende o feriadão pra companheirada


·         Feriadão duvidoso

Se a moda lançada pelo Piratini pega, feriado que cai em domingo terá de ser comemorado na segunda-feira ou guardado na manga para emenda com outro que caia em terça ou quinta. Essa é a lógica do ponto facultativo decretado pelo governo para garantir quatro dias de feriadão aos servidores, a partir de quinta-feira, aniversário da Proclamação da República.

O argumento da secretária da Administração, Stela Farias, parece brincadeira: já que os servidores do Executivo não tiveram “ponto facultativo” no dia 21 de setembro, e o Dia do Funcionário Público caiu num domingo, o governo deu folga para a companhia na sexta-feira.

·         Quem vai trabalhar

A Assembleia deve definir hoje, em reunião de Mesa, como será o expediente na sexta-feira, mas a tendência é de que o horário seja normal para os funcionários, embora não haja sessão.

No Judiciário haverá atendimento normal na sexta-feira.

Fonte: @rosaneoliveira/Página 10 - 13/11/12

Que bonito! "Atos da presidente custaram R$ 437 mil" (via @zerohora)



Ora, elegeu-se por um partido, deve fazer campanha para este partido.

NAS ELEIÇÕES
Atos da presidente custaram R$ 437 mil
Mas um presidente é uma instituição. Instituições não devem fazer campanha.


Os gastos da presidente Dilma Rousseff ao participar de eventos eleitorais totalizaram R$ 436,9 mil, informou ontem a Secretaria-Geral da Presidência da República. Segundo o governo, os pagamentos já foram quitados pelo PT, conforme previsto em instrução normativa publicada em julho no Diário Oficial. Dilma, que pretendia ficar “quietinha”, foi convencida pelo ex-presidente Lula a subir nos palanques de candidaturas prioritárias e enfrentar a oposição.

sábado, 10 de novembro de 2012

Pra vc q fica d palhaçada c/ o Dep. @Tiririca2222, recomendo o excelente artigo do @luizaraujo_ "Fazer rir", em @zerohora dominical


Fonte
Fazer rir, por Luiz Antônio Araujo*
O deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP) alcançou esta semana o cume do noticiá- rio político ao fazer o inesperado: participou de 100% das sessões legislativas ordinárias deste ano na Câmara dos Deputados. Inesperado porque apenas 18 parlamentares, Silva incluído, tiveram assiduidade total às sessões de votação, conforme levantamento recém divulgado. E mais inesperado ainda porque Francisco Everardo é o nome de batismo do palhaço Tiririca, aquele do slogan de campanha “Pior do que está, não fica”.

Antes mesmo de ser eleito para a Câmara, em 2010, com 1,3 milhão de votos, Tiririca tornou-se alvo de um dos mais gritantes episódios de bullying político da história. O Ministério Público Eleitoral tentou impugnar sua candidatura por falsidade ideológica – teria transferido todos os bens para terceiros para escapar de processos trabalhistas, de alimentos e partilhas movidos pela ex-mulher – e por ser analfabeto. (Num protesto respeitável contra o preconceito e a hipocrisia, a ex-deputada e educadora Esther Pillar Grossi ofereceu-se para alfabetizá-lo antes da posse.) Criou-se a expressão “Efeito Tiririca” para designar celebridades que, sem maior relação com a política, tornam-se puxadores de votos e garantem a eleição de candidatos com votações ínfimas em eleições legislativas.

É impossível fazer rir sem um senso preciso de oportunidade. Conhecedor dessa velha regra do circo, Tiririca guardou alguns números para depois da eleição. Não se limitou a dar quórum a sessões sonolentas. Votou a favor do direito a proventos integrais com paridade para servidores aposentados por invalidez, da regulamentação da carreira de procurador municipal, da efetivação dos atuais donos de cartórios, da expropriação de terras onde houver trabalho escravo e da criação do Sistema Nacional de Cultura. E foi contrário à transferência, da União para o Distrito Federal, da atribuição de manter a Defensoria Pública do Distrito Federal.

Além de ser figura carimbada em plenário, Tiririca deu o ar da graça na comissão da qual faz parte, a de Educação e Cultura. Participou de au-diências públicas sobre alvarás para instalação de circos e regulamentação do ensino de música, cultura e cinema. É ativo integrante da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, condição na qual participou de reuniões nos ministérios da Educação, da Cultura e da Saúde e no Palácio do Planalto. A pedido da UNE, apresentou emenda ao Plano Nacional de Educação prevendo mutirão pela alfabetização de jovens e adultos. Suas emendas ao Orçamento Geral da União deste ano privilegiam programas culturais, esportivos, de saúde e de assistência social, totalizando recursos de cerca de R$ 15 milhões. Um terço desse montante é destinado a hospitais de câncer, santas casas e fundações de assistência infantil de São Paulo.

Em matéria de projetos de lei, a produção de Tiririca pode ser qualificada de modesta – apenas oito em quase dois anos, a maioria sobre questões ligadas à cultura. E, em pelo menos um item da atividade parlamentar, sua performance foi igual a zero: discursos em plenário. Não que o deputado não tenha o que dizer. No único boletim publicado até hoje pelo mandato, ele afirma: “Estando político, é minha obrigação desenvolver projetos e colocar minhas ideias em prática. Sou fruto de uma sociedade que escraviza sem observar os mais humildes, que continuam carentes das ações do Estado. Por isso, o meu compromisso é o de lutar pelo desejo dessa pessoa que não se sente representada como cidadã. Quero muito que a arte popular seja valorizada, que o artista tenha a garantia de que o seu trabalho representa a qualidade do próprio trabalho”.

Esse é o deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca. E o seu?

luiz.araujo@zerohora.com.br
*JORNALISTA

Quanto gastou cada vereador (e suplente) eleito em PoA #conferenoblog


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

#ConfereNoBlog: Como votaram os Deputados gaúchos na distribuição dos Royalties

Parlamentar UF Voto
Onyx Lorenzoni RS Sim
Assis Melo RS Sim
Enio Bacci RS Sim
Giovani Cherini RS Sim
Alceu Moreira RS Sim
Darcísio Perondi RS Sim
Eliseu Padilha RS Sim
Osmar Terra RS Sim
Afonso Hamm RS Sim
José Otávio Germano RS Sim
Luis Carlos Heinze RS Sim
Renato Molling RS Sim
Vilson Covatti RS Sim
José Stédile RS Sim
Luiz Noé RS Sim
Danrlei De Deus Hinterholz RS Sim
Nelson Marchezan Junior RS Sim
Bohn Gass RS Sim
Fernando Marroni RS Obstrução
Marco Maia RS Art. 17
Marcon RS Sim
Paulo Ferreira RS Obstrução
Paulo Pimenta RS Obstrução
Ronaldo Nogueira RS Sim
Sérgio Moraes RS Sim

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

@opiniaozh: "Ficha limpa, eleitor sujo" - artigo que assino em @zerohora de hoje



Artigo| Ficha limpa, eleitor sujo

01 de novembro de 20120
Charge:http://bit.ly/SeFzcH

Não se passou uma semana do final das eleições e o Rio Grande do Sul é manchete nacional. Não pelo exercício pleno da democracia, a exemplo do segundo turno em Pelotas e em outras cidades brasileiras, mas pela barbárie eleitoral no município de Jaquirana.
Essa é a primeira eleição em que, de fato, duas das mais expressivas leis no combate à corrupção estiveram presentes no período eleitoral: a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Acesso à Informação.
A primeira, que surgiu a partir do clamor popular e da coleta de assinaturas para sua elaboração e implantação, afastou do pleito políticos condenados e/ou com problemas em suas administrações. Nunca na história do Judiciário eleitoral, julgaram-se tantos casos de impugnação de candidaturas. Muitos dos quais, infelizmente, ainda tramitam.
A segunda lei permitiu mais transparência sobre gastos públicos, salários de servidores, gastos com propaganda, despesas com investimento e custeio. E abriu um pouco a "caixa-preta" da execução orçamentária. Nas eleições, possibilitou que o eleitor soubesse (antes da decisão do pleito) quem são os famosos "colaboradores de campanha", os financiadores.
De outra parte, a mídia realizou uma das maiores coberturas nas eleições municipais de todos os tempos. Eleitores atentos e o próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral) valeram-se das redes sociais e da internet para propagar o voto consciente. E ninguém foi reprimido por pregar os votos nulo e branco _ como forma de protesto _ contra o modelo político que vivemos.
Com isso, nossa frágil e engatinhante democracia deu mais um passo, votamos (na teoria) de maneira mais consciente e sabedores de nossas responsabilidades no uso do voto. Certo? Não, errado! Não no município de Jaquirana.
Ontem, a operação Democracia Plena, da Polícia Civil, jogou no ventilador o pior dos comércios: o eleitoral, com compra e venda de votos. Nesse verdadeiro "dia das bruxas" no nordeste do Estado, foram presos políticos que se valeram do uso de recursos públicos, favores e dinheiro de origem desconhecida na literal aquisição de votos.
Com a prisão de candidatos eleitos, que em gravações vangloriaram-se absurdamente por terem pago R$ 12 por um voto, a democracia tropeça e o corruptor passa a ser o eleitor que negociou seu voto abertamente, em troca de uma máquina de lavar, por exemplo.
Há outros casos que se espalham pelo Rio Grande do Sul e pelo Brasil. É inadmissível que se permita qualquer vista grossa. Acima de tudo, deve prevalecer a regra democrática, e não a exceção daquele que a transforma em vantagem e em corrupção.
O lamaçal envolve políticos em todos os níveis, e a chafurda é ainda mais nefasta, pois o mal pior está além dos partidos. Nessa vara de porcos, o principal procriador foi o eleitor. Fica a pergunta: quantos desses eleitores corruptores serão presos?
*Politólogo

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Revitalização da área portuária do Rio (@cesarmaia). Sugiro visita do @josefortunati para conhecer

REVITALIZAÇÃO ATUAL DA ÁREA PORTUÁRIA DO RIO: UM ERRO ESTRATÉGICO!
   
1. Os Planos de Revitalização da Área Portuária do Rio vêm desde 1978 por iniciativa da Associação Comercial e liderança do Sr. Amauri Temporal, vice e depois presidente da ACRJ. Naquele momento se via a revitalização associada à recuperação do Porto do Rio.
   
2. Em seguida, a partir da segunda metade dos anos 80, passou-se a ver a revitalização como um projeto comercial, uma nova área do Centro do Rio, para a localização de escritórios comerciais.
    
3. Nos anos 90, essa visão foi alterada, para uma área de uso misto e de base residencial. Um projeto residencial de referência foi aprovado e executado. Junto a este, o programa Novas Alternativas, de restauração para fins residenciais de imóveis abandonados e tombados na região. Prefeitura e CEF se associaram nesse programa, que teve enorme sucesso.
    
4. Do final dos anos 90 ao final da primeira década do ano 2000, se ajustou a visão residencial, para agregá-la a enclaves culturais com efeito multiplicador sobre a área e a integração com o histórico morro da Providencia, o morro da Favela. Veio a Cidade do Samba, o favela-bairro/eco-museu do Morro da Providência e sua Vila Olímpica. No final do governo FHC, um decreto separou a área portuária da área urbana, abrindo espaço para a revitalização sustentada.
    
5. Com a prefeitura do Rio, que assumiu em 2009 e, com todo o apoio do governo federal que transferiu poder decisório sobre uma área que é basicamente sua e com recursos bilionários do FGTS, foram finalmente criadas as condições para um processo sequencial de revitalização.
    
6. Mas uma visão negocial e especulativo-imobiliária cometeu um ERRO estratégico que terá graves consequências para a região e para a cidade. No afã de se criar atrativos a escritórios (a derrubada da Perimetral e a construção do Túnel são exemplos), se eliminou a componente residencial como eixo. O vetor cultural definido será de baixo multiplicador.
    
7. A insistência em recriar o Centro da Cidade na área portuária terá três desdobramentos: a) ajudará a esvaziar o Centro histórico. b) concorrerá com recursos limitados aos investimentos na região da Barra para onde se expandem polos comerciais, incluindo, claro, condomínios de escritórios. c) se funcionar, mesmo que parcialmente, agravará o caos do trânsito, com mais deslocamentos radiais e com mais uso de automóveis de passeio.
    
8. Um erro estratégico gravíssimo, recebido com aplausos por muitos, na busca de boas notícias. Mas um mico ou um problema sem solução em médio e longo prazo. E a primeira conta já foi lançada no bolso dos trabalhadores, a quem pertence o FGTS. Outras contas maiores virão, como cobrança de tais erros de visão. Alguns poucos ganharão muito e muitos/todos e o Rio perderão demais.

Artigo: Uso da máquina e propaganda - republicado, versão original de 2008


Uso da máquina e propaganda
(Título original: Realidade virtual em obras - escrito em 2008)

Assusta-me um pouco a quantidade de publicidade que a prefeitura de Porto Alegre tem despejado em nossos meios de comunicação, principalmente através da televisão. É estratégia rotineira de quem ocupa o Executivo deixar a pirotecnia de mídia para o ano de eleição.
Muito já se evoluiu com relação à propaganda dos próprios feitos por nossos políticos. Antigamente, as obras eram assinadas em nome pessoal, com logotipia própria daqueles que usufruíam de mandado. Coisa do tipo “Foi o Maluf (hic!) que fez” tinha o aval dos legisladores. Hoje, faz-se divulgação através da entidade, ou seja, da prefeitura, do governo do Estado, ou da Câmara de Vereadores, de acordo com o caso e circunscrição.
A política privilegia a esses que usam a máquina pública (a estrutura de pessoal, de escritório e financeira, principalmente) para alardear investimentos nem sempre factíveis ou existentes. Na nossa capital, a mais recente peça publicitária trata de se vangloriar do Programa Socioambiental (futura rede de esgoto sanitário)*1, do Programa Portais da Cidade (futuro sistemas de integração nas linhas de ônibus). Todas obras do futuro! Nada que se veja de fato em nosso dia-a-dia.
Estranhamente, e alguém me corrija caso me engane, não vejo anúncios da “solução tapa-furo” que é o camelódromo (Centro Popular de Compras)*2. Mas, de real, cheguei a presenciar manchetes sobre sua execução e entrega  em maio e, com certeza, longe da conclusão, dado os andamentos das obras. Estamos em junho. Fato semelhante com anúncios da ligação da Borges com Mauá, que deve alterar o fluxo de veículos no entorno do Mercado Público. Em cada marco de obra que talvez um dia possamos ter, uma placa! Mais estranho ainda é o fato de a SMAM (Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre) ter programa para reduzir a poluição visual.
Não sou contrário a divulgar o que é feito, desde que isso realmente exista, o que não tem sido o caso ultimamente. Primeiro, é necessário que se possua mais que a “pedra fundamental” para qualquer ação, obra ou programa para divulgá-la aos quatro ventos. Contudo, se há verba para publicidade, por que não a usam para manter em dia o Art. 37 da Constituição: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” Será por que publicidade e eficiência devem andar juntas?
Ano eleitoral é isso. Os políticos e seus marqueteiros esquecem-se que, quando se fala em publicidade de governos tem mais haver com transparência que com propaganda. É lastimável que essa falta de memória se dê em dias tão tortuosos, onde a ética tem se tornado uma lembrança e a corrupção uma constante.

Nota do autor:
1 - O PISA está sendo implementado de fato em Porto Alegre
2 - O camelódromo foi implementado 

Recomendo leitura @rosandeoliveira: Quem ganhou, quem perdeu


Fonte: http://bit.ly/Tm5jTn - Zero Hora 30/10

Contados os votos e feitos os cruzamentos entre votos recebidos no primeiro e no segundo turno, é possível saber com mais clareza quem ganhou e quem perdeu, embora os dirigentes partidários tentem puxar a brasa para seu assado e encontrar o melhor ângulo para fotografar seu resultado.


No Brasil, o PT é o que tem mais números a comemorar: fez o maior número de votos, elegeu maior número de prefeitos nas cidades com mais de 200 mil habitantes, vai administrar os maiores orçamentos e comandar cidades que somam 27 milhões de eleitores. Nesse quesito, o PMDB vem em segundo, com 23,1 milhões, e o PSDB, o terceiro, com 16,5 milhões, pouco à frente do PSB, com 15,3 milhões.

Nos 85 maiores colégios eleitorais, o que inclui todas as cidades com mais de 200 mil eleitores, o PT ficou em primeiro lugar, seguido do PSDB.

Se o critério para se considerar vencedor for o partido que mais cresceu em número de prefeituras, ganha o PSB, com um salto de 42,9%. O PSB também comemora o fato de ter conquistado o maior número de capitais (cinco), numa eleição em que o poder ficou pulverizado. Entre os 10 maiores partidos, só o PSB e o PT elegeram mais prefeitos do que em 2008. O PT fez 13,98% a mais. O maior baque foi sofrido pelo DEM, que murchou com a criação do PSD e agora teve uma queda de 44,15% no número de prefeituras. O PSD fez 497 prefeitos, e o DEM, apenas 277, desempenho que só não pode ser considerado uma tragédia porque o partido elegeu os prefeitos de Salvador, ACM Neto, e de Aracaju, João Alves Filho.

O PMDB tem a comemorar o fato de ter sido o partido com maior número de prefeitos no Brasil. São 1.031, número 14,15% menor do que em 2008. O PSDB vem em segundo, com 702, mas isso significa 11,12% menos do que na eleição anterior.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O destino do Maracanã, um presente comprado com dinheiro público, por @cesarmaia

CABRAL DOA QUASE 1 BILHÃO DE REAIS AOS "PARCEIROS"! 
    
(Ex-Blog) Atletas em formação ficarão sem estádios públicos de atletismo e de esportes aquáticos. Valor da reforma do Maracanã já passa de R$ 1,1 bilhão, e não os R$ 859,9 milhões citados. Não há nenhum valor de pagamento a vista. E não se sabe como as parcelas são reajustadas. Se não forem, é assalto à mão desarmada. Edital mente sobre investimentos adicionais. 2016 é apenas festa de encerramento. Reforma do Maracanã excede, em muito, jogos de futebol olímpicos. Quem será o felizardo? Falam que, pela frente ou por trás, ficará com esta doação o empresário que empresta jatinho para Cabral. Espera-se que MP e TCM questionem já. 
    
(Globo, 23) 1. O governo do estado não terá retorno financeiro dos R$ 859,9 milhões em investimentos que estão sendo feitos com recursos próprios e empréstimos do BNDES para preparar o Complexo do Maracanã para a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Ao divulgar detalhes da minuta do edital de concessão do espaço à iniciativa privada, informou que o vencedor da concorrência vai operar o complexo por 35 anos, a partir de 2013. O valor da outorga anual previsto no edital será de R$ 7 milhões quitados em 33 parcelas anuais. Ou seja: o governo estadual receberá apenas R$ 231 milhões em 35 anos ou 26,86% do total investido, caso e a concessão seja feita pelo valor mínimo.
                                               
                                                    * * *

O GOVERNO FEDERAL ESTÁ DE ACORDO COM A DOAÇÃO DO MARACANÃ?
    
Parte significativa da reforma (reforma?) do Maracanã foi feita com recursos federais. O governo federal estará de acordo com o edital de privatização do Maracanã e com a respectiva, e proporcional, doação de recursos federais? O que diz o TCU? O que diz o ministério dos esportes?  O que diz o MPF?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Entrevista de @ZehDeAbeu à Folha (trecho sobre política)


Fonte: http://bit.ly/RBcJTM

O MENSALÃO E O PT
"Eu nunca conversei com o Zé [José Dirceu] a respeito das denúncias. Acho que o PT fez o que sempre se fez. É errado? Sim! Mas fez o que sempre se fez".
"Por que o PPS apoia o Serra em São Paulo e o Paes/Lula/Dilma no Rio? Qual o sentido disso? Roberto Freire [presidente do PPS] passa 24 horas por dia no Twitter metendo o pau no Lula, chamando de ladrão e de corrupto, e fecha com o Paes aqui, com um vice-candidato a prefeito do PT? É venda de espaço, venda de horário, venda da sigla. Vou ser processado. Já estou sendo processado pelo Gilmar Mendes [ministro do STF, por chamá-lo de corrupto no Twitter]]. Agora, talvez seja processado pelo Freire." --procurado pela reportagem, Roberto Freire declarou: "Esse ator tem uma ética política que orbitava ao redor do PCB [Partido Comunista Brasileiro]. Agora, ele não tem mais nada disso. Não merece meu respeito nem a minha resposta."
"O Supremo quer mudar a maneira de fazer política no Brasil. Ótimo, maravilha! Óbvio que tinha que começar com o PT. Então, agora para ser condenado no Brasil basta ser preto, puta, pobre e petista."
"O grande organizador da base foi o Zé Dirceu. Eu não tenho informação de cocheira para falar. Lendo a imprensa, deu para notar o seguinte. Antes do Lula ser eleito, houve uma reunião dele com o Zé Dirceu dizendo que ele não queria mais concorrer, né? E o Zé o convenceu com a ideia do José de Alencar [ex-vice-presidente] ser vice, de abrir um pouco mais o PT, de fazer coligação etc. Isso tudo foi o Dirceu quem fez não o Lula. Mas se for a história do domínio do fato, tem que prender o Fernando Henrique por comprar a eleição dele, porque tem provas. Agora se fala, eu sei que houve, mas não sei quem fez. O deputado Ronnie Von Santiago [que era do PFL-AC] falou eu ganhou R$ 200 mil para votar a favor da reeleição do Fernando Henrique. Ah, o FHC não sabia? Mas pelo domínio do fato, não saber é como saber. Então se pode enquadrar qualquer um, até o Lula, que sem dúvida nenhuma é o grande objetivo..."
"O PT está virando o Brasil de cabeça para baixo, está colocando uma mulher na presidência, um negro na presidência do STF, tirando 40 milhões da pobreza, fazendo um cara que sai do Bolsa Família, do ProUni, fazer mestrado em Harvard, ter os primeiros lugares do Enem."
"Como é que um operário sem dedo, semianalfabeto faz isso que nunca fizeram? O nosso querido Fernando Henrique Cardoso, que era a minha literatura de axila na faculdade, que era meu ídolo. Não o Lula. O Lula era da minha geração, o FHC de uma anterior. Fernando Henrique, Florestan Fernandes eram os caras que queria mudar o Brasil. Aí o Fernando Henrique tem a oportunidade e não faz? Vai para a direita? É uma coisa louca. O que aconteceu? O PT e o PSDB nasceram da mesma vértebra. Era para ser um partido só. O que acontece é que chegam ao poder e vendem a alma ao diabo. Fica igual ao que foi feito nos 500 anos. O PT teve o peito de tentar romper, rompeu e está pagando por isso."
"Eu votei no Fernando Henrique na primeira vez [na eleição de 1993]. Achava que ele era melhor do que o Lula naquela oportunidade. E foi mesmo. O Lula foi melhor depois."
*
JOSÉ DIRCEU E A DITADURA
"Conheci o Dirceu quando entrei na faculdade [no curso de direito da PUC-SP], na década de 1960. Eu entrei na faculdade já no pau, tem uma piadinha que eu faço, que quem não era de esquerda não comia ninguém. Porque ser de direita naquela época era ou ser extremamente mau-caráter ou alienado. Alienado era bobão, não sabia nem que existia a ditadura. Eu fui um dos representantes da faculdade na UNE [União Nacional dos Estudantes]. Foi nessa época que eu fiquei mais próximo do Dirceu."
"Não fui torturado durante a ditadura. Fui preso junto com o Zé Dirceu em Ibiúna, no congresso da UNE,e m 1968. Eu fiquei preso uns dois meses, levei uns tapas na cabeça, quando ia para o Dops [Departamento de Ordem Política e Social] prestar depoimento."
"A coisa ficou pesada depois do AI-5 [ato institucional que restringiu mais as liberdades civis], eu fui solto dois dias antes, foi a maior sorte. No dia 13 de dezembro, fui na faculdade, no Tuca e o porteiro disse que a polícia tinha ido atrás de mim, de armas. Nunca peguei em armas, fui embora para o Rio, e fiquei prestando apoio logístico para uma organização de esquerda. A única ação que eu fiquei sabendo depois e eu participei foi transportar o dinheiro tirado de um cofre do governador Adhemar de Barros [1901-1969]."
"O meu contato com a organização era um concunhado que foi preso junto com a Dilma, na rua da Consolação. Só tinha duas atitudes, ou entrar na luta armada ou deixar a organização. Minha companheira estava grávida do meu primeiro filho. Conversamos. Eu nunca pensei que poderíamos derrotar as forças armadas. Éramos 500 mil, 600 mil estudantes, tinha operário e militar, mas a grande maioria era estudante classe média."
"Foi quando eu fui para a Europa, em 1972, para Londres, Amsterdã. Virei místico, fui estudar hinduísmo, filosofia oriental. Fiz ioga, meditação, macrobiótica, fui vegetariano, meditava quatro vezes por dia, vivia numa ilha grega, comendo frugal. Lá tomei ácidos. Muitos com orientação, para fazer pesquisa. Tinha um livro que ensinava. Tinha uma pessoa que brincava com o incenso. O contato foi maravilhoso. Era algo cósmico. No Brasil, enquanto a gente estava gritando paz no Vietnã, nos EUA eles gritavam 'make love' [faça amor]. Era a mesma coisa, mas um tinha um lado hippie, lisérgico. A minha geração, alguns amigos ficaram na esquerda, outros fizeram a revolução já hippie. Eu tive o privilégio de fazer parte dos dois lados."
"Quando voltei ao Brasil anos depois, fui dar aulas em Pelotas, me desliguei dessa parte política e me foquei na arte. Me meti na profissão, fui ter filho e cuidar deles como o John Lennon fez. Limpando a bunda, acordando de madrugada para dar de mamar. Sendo um pai e mãe. Dividindo igualmente tudo e foi lindo.Depois fui para Porto Alegre, comecei a produzir música, levei Gilberto Gil, Rita Lee, Novos Baianos. Montei uma peça do Chico Buarque, 'Saltimbancos'. Acabei fazendo um filme muito louco, 'A Intrusa', ganhei um prêmio em Gramado e a Globo estava lá e me chamou."
*
INTERNET
"Na segunda eleição do Lula, eu tinha um blog e fui muito atacado. Eu estava no Acre, fazendo a minissérie 'Amazônia'. Aquela eleição já foi muito radicalizada. Eu sou viciado em internet há muito tempo. Fui um dos primeiros atores a ter uma senha do Ministérios das Comunicações. Em 1994, 1995, já usava internet num provedor que o Betinho [Hebert de Souza] tinha por causa do Ibase [Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas]. Eu, o Paulo Betti, o Pedro Paulo Rangel fomos os primeiros atores a usar internet. Eu fiz muito ator comprar computador e ter internet. O mais comum era ouvir 'não gosto de internet'. Mas no futuro ia ser algo como não gostar de telefone, de liquidificador. O José Mayer me apelidou de Zé Windows."
"Sou geminiano, gosto de comunicação e cai no Twitter com a história da campanha da Dilma, que foi a primeira campanha em que as redes sociais foram muito usadas."
*
DILMA ROUSSEFF
"Não tive contato com a Dilma durante a ditadura. A gente era da mesma organização [VAR-Palmares]. Só se for fazer muita ilação. Não vou dar uma de Joaquim Barbosa..."
"Lula é Dilma e Dilma é Lula. Isso é um mantra, a cumplicidade dos dois é total. Quando o Lula começou com essa história de ter Dilma como candidato, todo mundo assustou. O pessoal do PT mesmo, o Lula pirou, como faz? Nunca tinha acontecido isso, uma pessoa que não tinha ganhado nenhuma eleição ser candidata a presidente."
*
MINISTÉRIO DA CULTURA E A POLÍTICAS DE COTAS
"Eu não sei o que foi aquilo [Ana de Hollanda]. Um dia a gente ainda vai saber o que aconteceu. Depois ferrou, a Dilma é teimosa, não ia tirá-la na pressão. Ela esperou acabar tudo para trocar o ministério. A Ana é esquisita, uma pessoa difícil. Eu fui falar com ela uma vez, foi muito difícil. Quando entrou, batia de frente com o PT inteiro, com os deputados todos que cuidavam da cultura. Achei uma desfaçatez com o ministério da Cultura."
"Agora precisa um levantamento para saber o deve ser feito. Mas a chegada da Marta [Suplicy] foi muito boa."
"Sou a favorzaço de cota em tudo. Nós temos uma dívida. Há quantos anos um negro não podia entrar na faculdade? Podia pela lei, mas não entrava. Não tinha oportunidade igual. Na minha classe, tinha um negro em 50 alunos. Os ricos têm a impressão de que vão roubar deles. Mas o Lula conseguiu mostrar que dá para dividir e eles ganharam mais dinheiro ainda porque entrou muita gente no mercado para comprar coisas. Por mais que a Dilma dê porrada nas montadoras, elas estão amando a presidente."
"Foi uma surpresa [cota para negros em edital do MinC], eu não li o projeto, mas a rigor, eu acho que o Brasil tem um débito muito grande e se for contar a escravatura, o débito não se paga nunca."
"Não esperava que o Brasil fosse dar esse salto de assumir que é racista, de o governo assumir que existe racismo, de que existem problemas sérios, de que o brasileiro não é cordial com os seus. O brasileiro sabe explorar seus empregados. Hoje em dia, ter empregada doméstica está cada vez mais difícil. É claro! Quem quer lavar a cueca de um marido que não seja seu. É degradante."
*
FUTURO DO PT E PRESIDÊNCIA EM 2014 e 2018
"Vou chutar aqui. Se o Eduardo Paes [prefeito do Rio] fizer um puta governo, agora com a Olimpíada, com a Copa, vai ganhar uma visibilidade absurda, pode enlouquecer e querer ser presidente pelo PMDB, sem ter sido governador. Obviamente, o Eduardo Campos [governador de Pernambuco, pelo PSB] é uma coisa natural, neto do Miguel Arraes."
"O PSDB está acabando, o DEM acabou, o partido do Kassab [PSD] conseguiu algumas coisas, mas ele tomou o partido e agora está perdendo força. Kassab quis ser o Lula. Se o Haddad fizer um bom governo, se for eleito prefeito e ficar quatro, depois mais quatro pode ser um candidato em 2018. Daqui a seis anos o Lula ainda tem idade para tentar a presidência, mas se eu fosse ele, ia ser governador de São Paulo, só para acabar com a brincadeira [do PSDB]. Aí ficava Lula, Dilma e Haddad. São Paulo ia ser capital do mundo."
*