O pior cego é aquele que não quer ver. O dito
popular serve, em muito, para o momento que vivencia o governo do Estado.
Talvez seja hora de “observar a floresta de cima do monte”.
Como muitos dos gaúchos, a carreira política
do atual governador iniciou no meio estudantil. Foi vereador pelo MDB,
vice-prefeito, secretário, prefeito, ministro da Educação, Relações
Institucionais e Justiça, e também presidente nacional do Partido dos
Trabalhadores. Currículo não lhe falta.
No primeiro turno de 2010, elegeu-se prometendo
melhorias na Educação, Saúde e Segurança – a praxe entre candidatos. Além
disso, um possível alinhamento com o governo federal facilitaria investimentos
e crescimento do Rio Grande. Ao assumir, compôs um governo de coalizão, com
vários partidos integrando o Executivo e ampla base na Assembleia. Estava
pavimentado o caminho para o sucesso.
Já no início da administração, o Executivo
adota prática semelhante à União – que se vale de Medidas Provisórias para
acelerar a tramitação legislativa – e encaminha seus projetos em regime de
urgência. Reorganiza e cria secretarias e quadro de pessoal. Valendo-se da
popularidade recém-conquistada e de uma oposição fraca, deu forma e “cara” ao
novo governo.
Passados cem dias, uma das promessas de
campanha bateu à porta do Piratini: o piso nacional do magistério. Entidade
forte, o CPERS cobrou o cumprimento do discurso. Sem alternativa, o RS e outros
estados tentaram, via judicial, descumprir a obrigação. Não funcionou.
Desdobramento recente, o Supremo de Joaquim Barbosa indeferiu o pedido.
Não foi a primeira derrota do Piratini, que
tem buscado o Judiciário para resolver problemas administrativos. Não obstante,
o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) está de olho na Receita Pública,
cobrando aplicação de recursos, desde os 12% constitucionais da Saúde à
recomposição do famoso caixa único.
Na Segurança, a mudança no critério de promoções
da Brigada Militar acirrou idiossincrasias da corporação. Houve perda de
recurso federal para a execução de projetos como a construção de presídios.
Diante da inércia e imobilidade na área, o secretário da pasta balança no cargo.
A casa está bagunçada. Exemplo sintomático, o
secretário de Infraestrutura abandonou o navio, alvejado pelo fogo amigo. E há outros, por desejo próprio, com
o pé na rua. Para piorar, existe risco de recessão, e o RS pode ser a Grécia do
Brasil, como alertou o economista Darcy Carvalho dos Santos, em recente artigo
de Zero Hora.
Há, ainda, a dívida com a União e com os
pedágios, o investimento em estradas, os precatórios, contratos do DAER e um
sem-fim de “pontas” soltas. Tudo com “um olho no Estado e outro em 2014”.
Ou o governador costura uma mudança radical ou resta esperar pela queda.
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