sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Igualdades desiguais - Artigo sobre a distribuição dos Royalties do Petróleo


O Brasil é um mapa de igualdades desiguais. Prova inconteste dessa afirmação são os “royalties” do petróleo e nossas capitais - ímpares em suas riquezas e plurais em seus problemas. Porto Alegre e Rio de Janeiro representam essa dicotomia.
Regra geral, “royalty” é a palavra inglesa usada para representar o lucro percentual ou compensação financeira que a União, Estados e Municípios recebem pela extração de recursos naturais provenientes de seus territórios. Royalties do petróleo é o pecúlio destinado a cada um desses entes federativos pela extração e/ou comercialização de petróleo e gás natural.
Aprovada na Câmara dos Deputados, sua distribuição suscita opiniões divergentes. Se, sob um aspecto, procura compensar a todos os estados e municípios brasileiros, por outro, mexe no bolso daqueles que, até agora, eram os únicos a usufruir dessa riqueza. Em ambos os lados, manifestações de governadores e prefeitos, cada qual preocupado com o próprio “umbigo”, sem pensar na igualdade de nossa nação.
Para assegurar esse pensamento e com a obrigação de cumprir contratos e garantir segurança jurídica (neste caso, com interesses internacionais), a presidente Dilma vetou parcialmente o projeto formulado e devolveu a “bola” para os parlamentares, acrescentando uma Medida Provisória (MP) para, supostamente, sanar omissões e garantir isonomia entre estados produtores e não produtores, e também especificar para onde irão os recursos.
O centro de toda a discussão está na divisão da riqueza. Porto Alegre é a representante dos municípios gaúchos. Organizados através da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), mobilizaram-se para que o projeto aprovado no Congresso fosse sancionado. Diferente do Rio, a costa gaúcha não é privilegiada.
Talvez a maior pluralidade carioca seja a violência (e não o samba) que se espalha pelo país e em sua capital pode ter origem. De qualquer modo, o Rio de Janeiro também se engajou na disputa pelas benesses do “ouro negro” e, quase que de maneira institucionalizada, propagou uma suposta falência do RJ por possíveis perdas e promoveu mais um “Veta, Dilma!” (#vetadilma nas redes sociais).
Além de integrarem partidos que sustentam a base do governo no Congresso Nacional, José Fortunati e Eduardo Paes - respectivamente, prefeitos da capital gaúcha e carioca - foram reeleitos gozando de altos índices de aprovação em seus governos junto ao eleitorado. Em geral, suas posturas e manifestações representam a peculiaridade dos demais municípios de seus Estados.
Para ambos, o próximo governo deve ser marcado por rearranjos administrativos. Em meio às incertezas da crise econômica internacional, de indefinições internas como a dos royalties, será que é hora de aumentar as despesas, como fará Porto Alegre, ao custo R$ 8,5 milhões ao ano? Ou seremos desiguais em nossa austeridade?

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