segunda-feira, 9 de junho de 2014

#Artigo: Uma palmada no menino Bernado


Em breve, a presidente deve sancionar a lei “Menino Bernardo”. Tirante o questionamento se o Estado deve intervir em defesa da preservação da criança no núcleo familiar, cabe a reflexão.
Exemplo hipotético: o pai dá uma palmada na mãe.  Ela bate no filho. Depois, aquele menino gordinho vai levar a dele. Poderia ser o raciocínio de uma criança ao estabelecer a cadeia de violência e agressões. São fatos que procuramos esconder.
Será que a mãe, mulher protegida legalmente contra a violência, assume que bater no filho é um bom método para educar ou está apenas mascarando frustrações pessoais e agressões do marido?
Nesse ponto, omite-se a capacidade de educação a partir do lar.  Enquanto disfarçamos a ignorância com canudos e diplomas, a palmada e suas consequências são veladas e escondidas na família. Foi o que aconteceu com Bernardo.
A interferência do Estado, já existe e está muito bem explicada no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que instigou a criação de Conselhos Tutelares e o surgimento de delegacias especializadas.
Já no meio escolar, procuramos uma explicação pedagógica para nossas agressões. Como subterfúgio, debate-se Bullying e outras formas modernas de violência envolvendo a agressão recíproca.
O principal, ou seja, a origem e os reflexos psicológicos saem do foco. Que trauma uma palmada sem motivo pode provocar? A quantidade de lesões aparentes reflete a verdadeira violência?
Nos artigos de Paulo Freire, renomado educador, é possível identificar uma educação para a paz, engajada no processo educacional, sem palmatórias físicas ou psicológicas.
Ora, se somos conscientes e detentores da força física, agentes das palmadas, temos que inferir sobre o que pode pensar uma criança ao ser agredia pela pessoa que deveria acariciá-la e zelar pela sua segurança e bem estar.
Hipocrisia dizer que bater educa, que não dói e que não se deve revidar. Não é batendo hoje que seremos poupados amanhã. Assim como é hipócrita renomear a lei que o Estado cria pra suprir sua omissão.
Mais uma palmada em Bernardo, morto pelas mãos dos que agora legislam e tiram fotos ao lado da Xuxa.

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