segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Meu artigo publicado no Jornal do Comércio de hoje: A próxima tragédia é gaúcha


Quando passamos a nos acostumar com fatos violentos ou trágicos é que a preocupação deve ser maior. Para as autoridades, parece haver banalizadas as mortes – meros números – que acontecem a cada enchente, desabamento ou desastre natural.
Uma catástrofe acontece quando não há como evitá-la, precavê-la e, até mesmo superá-la ou prestar socorro dignamente. Não somos o Japão, que, acostumado aos flagelos naturais, possui o melhor sistema de prevenção a terremotos do mundo, por exemplo.
Também não somos o Haiti, que enfrenta conflitos entre a população, sofre alto grau de miséria, não usufrui de tecnologia, e o resquício de democracia advém de intervenções externas – inclusive brasileiras! Não suficiente a esse quadro, sofrem com desgraças ambientais, a exemplo de terremotos e enchentes.
Já no Brasil, um país dito emergente, assistimos, mais uma vez, às mortes no Rio de Janeiro. Parece que o Morro do Bumba não deixou nenhuma lição. E os políticos, ao liberarem verbas de socorro, continuam posando para fotos ao lado dos corpos.
Mas por que ocorrem as enchentes, as estiagens, os consequentes “Estado de Emergência”? Possivelmente as causas climáticas, elevação da temperatura global, assoreamento, desrespeito às leis de meio ambiente e a completa ignorância com preservação ambiental e sustentabilidade são algumas das respostas.
Consequência disso é o surgimento de fenômenos que interferem constantemente em nosso clima. Ora, não é de hoje que falamos nos já conhecidos El Niño e, neste ano, o La Ninã, que provocam alterações bruscas na temperatura e no clima, provocam secas, tempestades e enchentes.
Se forem inevitáveis (pelo nosso, entenda-se de todo o mundo, desrespeito à natureza), resta-nos precaver. “Prevenir é melhor que remediar”, diriam nossas tataravós. Lição que deve ser lembrada aos agentes e gestores públicos, eleitos ou não.
Nesse sentido é que cabe o questionamento. Não estamos preparados para enfrentar uma grande enchente como ocorrida em Santa Catarina em 2008. O Estado não investe nem em prevenção, nem em socorro. Os surtos de doenças epidêmicas pós-desastre são inúmeros e congestionam os sistemas de saúde.
No mais, as estações meteorológicas do RS não são suficientes para atender nem mesmo a necessidades dos agricultores. Estranho para um estado que tem seu alicerce econômico no setor produtivo!
Diante dos fatos, coloca-se à frente dos olhos a resposta mais óbvia que deve atentar ao novo governador: investimentos! Na prevenção e precaução, no socorro e na assistência.
Ou isso ou os gaúchos serão os próximos nas manchetes em numero de mortos e desabrigados. Sem mau agouro, óbvio!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Transversalidade e ficha limpa

Otimismo. Para nós, esta deve ser a palavra- chave do novo governo do Estado. Boa administração, competência, planejamento e transparência são anseios comuns da sociedade. Mas e a transversalidade?
Essa e outras perguntas sobre projetos inovadores, cumprimento de promessas de campanha e  programa de governo pairam sobre os gaúchos. Ao mesmo tempo, a consolidação de funções, a barganha política em troca de apoio e os novos gastos e cargos são vistos com maus olhos pela população. Fazem parte do jogo político!
Assim é na composição de governo, com a tomada de posse pelos secretários. Há aqueles que não têm nomearam seus diretores de autarquias, também há os que não possuem mesa ou sala, ou funcionários (talvez haja o cafezinho). Isso faz parte de um novo governo, principalmente nos seus seis primeiros meses – e não cem dias, como apregoam e comemoram alguns.
Nesse período, o que se administra são heranças. O orçamento é herdado do governo anterior. O Plano Plurianual (PPA), que determina gastos, medidas e metas do governo para os próximos quatro anos – duração da atual administração - ainda não foi apresentado à Assembleia Legislativa. O mesmo ocorrendo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o orçamento anual, digamos.
É lá no Legislativo que serão aprovadas finanças e projetos do Executivo. Daí a necessidade de uma boa base de governo (de coalisão, segundo o governador). Esse será um dos papéis dos deputados estaduais, neófitos ou não: garantir a eficiência administrativa indiferente ao tamanho do Estado.
É típico dos governos de esquerda, ter um Estado forte, inchado e composto por um grande número de políticos (veja-se Cuba, que demitirá cerca de um milhão de servidores públicos). Aqui não é diferente. Tem se que acomodar fracassos eleitorais. Nesse cenário, não há espaço para um Estado enxuto!
Com uma máquina abarrotada de cargos e funções que administram valores mensurados em bilhões, é inevitável rombos no caixa e indícios de falhas administrativas e, até mesmo, possível corrupção, como ocorreu no governo anterior.
A solução? Transparência! E este tem sido o discurso de alguns secretários a assumir, mesmo aqueles que já enfrentaram problemas com o Tribunal de Contas do Estado – TCE. Não teriam os integrantes do secretariado que ser “ficha limpa” com relação ao Estado?
Com a oposição enfraquecida no Legislativo, o novo governo inventou a “transversalidade”. É aí que ela entra, sob o pretexto de um governo plural, os integrantes de outros partidos atuarão como ficais do Executivo, função nada aos deputados estaduais, é a auto-regulação do executivo.
Na expectativa de que não enfrente problemas em seu governo, esperemos que a transversalidade seja a fiscal do ficha limpa na administração.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Folha.com: Recomendação de leitura


O consumo de cerveja é datado desde antes do nascimento de Cristo. Trabalhadores que construíram as pirâmides do Egito recebiam diariamente um barril de cerveja como pagamento. Após um dia árduo de trabalho nas construções das pirâmides do Egito, os trabalhadores se reuniam para tomar cerveja e relaxar. Organizado pelo norte-americano PhD em filosofia Steven D. Hales,"Cerveja & Filosofia" (Tinta Negra Editorial, 2010) analisa esse ritual que acontece desde a Antiguidade e tenta explicar por que a bebida é reconhecida como um agregador de grupos distintos.
O livro reúne vários artigos escritos por diferentes profissionais, incluindo filósofos, produtores de cerveja, mestres cervejeiros e bebedores. Os textos discorrem sobre a representação do ato de beber cerveja na vida das pessoas e oferecem novos debates que vão desde a produção da bebida até os encontros para apreciá-la.
Dividida em quatro partes --"A arte da cerveja", "A ética da cerveja: prazeres, liberdade e caráter", "A metafísica e a epistemologia da cerveja", "A cerveja na história da filosofia"--, a publicação é apresentado por Cilene Saorin, a mais representativa sommelier de cervejas do Brasil.
O volume expõe temas sobre os elementos de produção e ingredientes que tornam uma cerveja boa ou ruim, as diferenças entre cervejas industrializadas e artesanais (golden larger, bocks, amber ale), as leis que apoiam ou comprometem a comercialização e a produção da bebida