sábado, 28 de julho de 2012

"A proteção ao ex-tesoureiro Delúbio Soares é bizarra" (@kleciosantos_)


Os opostos se atraem

É compreensível o PT cerrar fileiras para defender José Dirceu. Sua história se confunde com o DNA do partido. Já a proteção ao ex-tesoureiro Delúbio Soares é bizarra, afinal ele é a face visível do esquema que jogou a credibilidade da legenda na lama.

Nada explica tamanha solidariedade e afagos de setores do PT, embora ele tenha se conformado em assumir a responsabilidade pelos empréstimos que abasteceram o mensalão. A carapuça de mártir veste melhor em José Dirceu.

O grão-petista foi preso durante a ditadura, mudou as feições do rosto em Cuba, retornou ao país na clandestinidade e, em 2002, liderou a vitoriosa campanha de Lula. Não se pode negar que a trajetória empresta charme à sua biografia.

Delúbio cresceu no aparato sindical que alimenta o partido – é fruto da hierarquia partidária que privilegia meia dúzia de tarefeiros apegados à burocracia. Ao apagar das luzes, ambos derraparam nas próprias ambições. Dirceu queria ser presidente da República. Delúbio se contentaria com um alto cargo federal. Acabaram derrubados por um escândalo que começou com uma propina de R$ 3 mil, mas desnudou-se num suposto esquema milionário de suborno.

Sete anos depois, ambos estão reclusos, à espera do desfecho jurídico que pode levá-los à condenação ou devolvê-los aos ombros da militância. O certo é que o mensalão não virou piada de salão como um dia profetizou Delúbio. Pior. É uma mancha que o PT vai carregar para sempre, independentemente do resultado do julgamento.

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