Publicado no Jornal do Comércio de 13/06/2012
Um bilhão de dólares é o valor que
envolveu o esquema PC Farias durante o governo Collor. E data da Era Vargas a
primeira Comissão Parlamentar de Inquérito brasileira. A política associa-se à
corrupção, enquanto seu papel e origem são esquecidos.
“Varre, varre a bandalheira”, dizia o jingle que elegeu Jânio Quadros e
combateu o governo de Juscelino, que teve, na construção de Brasília, as co-fundações
da fraude e da trapaça. Já naquela época, atrelavam-se políticos, empresas e
governantes aos, hoje, chamados malfeitos.
Porém, atenhamo-nos a história
recente, pós- ditadura, não pela inocência dos governos militares, nem pelo
esquecimento dos que os antecederam, mas pela vivência dos fatos, da
redemocratização que trouxe consigo o mal causado por corruptos e corruptores.
Dos brasileiros natos conduzidos à presidente,
o não-eleito José Sarney, atualmente senador, incumbiu-se do legado de
promulgar a Constituição de 88, ano em que a Nova República traz de volta a
instalação de uma CPI, justamente para apurar irregularidades que o envolviam.
Daí para diante, do impeachment do caçador de marajás, Fernando
Collor (também atual senador), até o governo Dilma, primeira mulher presidente do
país, são incontáveis os escândalos que envolveram - e envolvem - os governos, políticos e servidores, públicos
ou comissionados em cargos ditos de confiança.
Entre a prevaricação e os falsos
discursos de idoneidade, enumeram-se personagens: os anões do orçamento no
governo do finado Itamar; juiz Lalau e o ex-senador Luiz Estevão; o escândalo
da Sudam e o renunciante, e mais uma vez senador, Jáder Barbalho; Marcos
Valério e o mensalão; Vendoin e os sanguessugas e, por último – esperamos!, o
também senador e ícone da dissimulação, Demóstenes Torres.
Das câmaras de vereadores, passando
pelas assembleias legislativas, há um sem-fim de CPI´s que procuram apurar
fatos e cincas administrativas. Em sua grande maioria, com resultados meramente
políticos para os acusadores. Agora, chegando ao Congresso, será que é isso que
esperamos da CPI Mista, composta por deputados e senadores?
Não fosse o sistema autoprotetor do establishment político, que concebe
foros privilegiados e legisla na própria defesa, que legitimidade teriam
aqueles que obtém poder político e locupletam-se na falta de punição e no crime
sem castigo? Nenhuma! O “jeitinho brasileiro” deixaria de ser propina.
É esse o rumo que esperamos de nossos
políticos? Não, absolutamente, não!
Uma nação deveria ter, em seu ponto de
partida, o princípio da política, a ‘polis’,
a cidade-estado, o cidadão. Transcorre o tempo, e seu significado esvai-se nos atalhos
permeados por benesses e interesses financeiros.
O estadista, a quem ainda temos o anseio
de eleger, aquele que tem na política a sua arte, na moral e na virtude as suas
práticas, sucumbe-se aos benefícios do poder e da conquista eleitoral. Ora por
ambição pessoal ou partidária, ora por mero populismo.
É tempo de a CPMI abrir a caixa de Pandora,
e esse papel cabe ao Congresso Nacional. Como na mitologia, só nos resta a
esperança, para que possamos transformar a política em caminho, não em desvio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário