quarta-feira, 23 de maio de 2012

Artigo: Política é caminho, não desvio!


Um bilhão de dólares é o valor que envolveu o esquema PC Farias durante o governo Collor. E data da Era Vargas a primeira Comissão Parlamentar de Inquérito brasileira. A política associa-se à corrupção, enquanto seu papel e origem são esquecidos.
“Varre, varre a bandalheira”, dizia o jingle que elegeu Jânio Quadros e combateu o governo de Juscelino, que teve, na construção de Brasília, as co-fundações da fraude e da trapaça. Já naquela época, atrelavam-se políticos, empresas e governantes aos, hoje, chamados malfeitos.
Porém, atenhamo-nos a história recente, pós- ditadura, não pela inocência dos governos militares, nem pelo esquecimento dos que os antecederam, mas pela vivência dos fatos, da redemocratização que trouxe consigo o mal causado por corruptos e corruptores.
Dos brasileiros natos conduzidos à presidente, o não-eleito José Sarney, atualmente senador, incumbiu-se do legado de promulgar a Constituição de 88, ano em que a Nova República traz de volta a instalação de uma CPI, justamente para apurar irregularidades que o envolviam.
Daí para diante, do impeachment do caçador de marajás, Fernando Collor (também atual senador), até o governo Dilma, primeira mulher presidente do país, são incontáveis os escândalos que envolveram - e envolvem -  os governos, políticos e servidores, públicos ou comissionados em cargos ditos de confiança.
Entre a prevaricação e os falsos discursos de idoneidade, enumeram-se personagens: os anões do orçamento no governo do finado Itamar; juiz Lalau e o ex-senador Luiz Estevão; o escândalo da Sudam e o renunciante, e mais uma vez senador, Jáder Barbalho; Marcos Valério e o mensalão; Vendoin e os sanguessugas e, por último – esperamos!, o também senador e ícone da dissimulação, Demóstenes Torres.
Das câmaras de vereadores, passando pelas assembleias legislativas, há um sem-fim de CPI´s que procuram apurar fatos e cincas administrativas. Em sua grande maioria, com resultados meramente políticos para os acusadores. Agora, chegando ao Congresso, será que é isso que esperamos da CPI Mista, composta por deputados e senadores?
Não fosse o sistema autoprotetor do establishment político, que concebe foros privilegiados e legisla na própria defesa, que legitimidade teriam aqueles que obtém poder político e locupletam-se na falta de punição e no crime sem castigo? Nenhuma! O “jeitinho brasileiro” deixaria de ser propina.
É esse o rumo que esperamos de nossos políticos? Não, absolutamente, não!
Uma nação deveria ter, em seu ponto de partida, o princípio da política, a ‘polis’, a cidade-estado, o cidadão. Transcorre o tempo, e seu significado esvai-se nos atalhos permeados por benesses e interesses financeiros.
O estadista, a quem ainda temos o anseio de eleger, aquele que tem na política a sua arte, na moral e na virtude as suas práticas, sucumbe-se aos benefícios do poder e da conquista eleitoral. Ora por ambição pessoal ou partidária, ora por mero populismo.
É tempo de a CPMI abrir a caixa de Pandora, e esse papel cabe ao Congresso Nacional. Como na mitologia, só nos resta a esperança, para que possamos transformar a política em caminho, não em desvio!

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