Publicado em Zero Hora (04/01) e Jornal do Comércio RS (06/01)
Calma, leitor, não se trata de um gestor municipal preocupado em resolver problemas de calvície ou usar jato da Força Aérea Brasileira (FAB). Tampouco se refere ao aumento de cota ou do próprio salário. Pelo contrário.
É
difícil não crer que nossos políticos vivam no “país das maravilhas” ou que
eles próprios não acreditem nisso. Afinal, para os demais brasileiros é penoso
entender como, diante de tantas benesses, ainda é possível exacerbar a vaidade
com implante capilar à custa dos cofres públicos, logo depois ressarcidos – é
verdade, diante da repercussão negativa.
Também é inacreditável descobrir que
determinada ministra usa helicóptero - destinado ao atendimento prioritário do
SAMU - para inaugurar obras e antecipar sua campanha eleitoral. Ou que, ao
invés de se precaver de desastres naturais, a chefe do Poder Executivo Federal sobrevoe
as áreas devastadas fazendo pose (para fotos!) de preocupação. O bom senso foi
pelos ares.
![]() |
Bloomberg |
Isso
não suficiente, assistimos ao inchaço do Estado, centralizado em Brasília, que
presta o desserviço do mau exemplo ao criar cargos, ministérios e secretarias
para acomodar interesses, ao passo que aumenta a dívida pública e privilegia
partidários. A política perdulária instaurou-se em nosso país.
Além
disso, lobistas e empresários balizam as ações de muitos de nossos políticos.
Financiadores de campanha têm seus “investimentos” retribuídos durante os
exercícios de mandato. Afora a reforma política, que paira no Congresso. E,
incrível, o financiamento de campanha já tramita junto ao Supremo Tribunal
Federal.
Já
o prefeito gastou com lanches e cafés para sua equipe, realizou viagens com
assessores, mandou instalar aquários na sede da prefeitura e até reformou a
casa em que deveria morar. Nas campanhas por sua eleição, gastou mais de
duzentos milhões de dólares.
O
responsável por essa gastança: o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que
transmitiu o cargo nesse primeiro de janeiro, depois de 12 anos de mandato em
que abdicou de um salário de US$ 2,7 milhões por US$ 1 (um dólar!) ao ano e em
que gastou cerca de US$ 650 milhões do próprio bolso. Sim, do próprio bolso!
Essa
é uma das notícias de ano novo despercebidas na imprensa nacional. Além do
altruísmo realizado a partir de doações a campanhas cívicas, culturais e de
saúde, Bloomberg “deixará como legado recordes como redução do crime, segurança
nas calçadas e construções que transformam a paisagem de arranha-céus”, cita
uma reportagem a seu respeito.
Como
exemplo, também fica a subversão na dinâmica financeira daqueles que ocupam
cargos públicos e são financiados por empresários.
Enquanto
isso, no Brasil...
Nenhum comentário:
Postar um comentário