sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

#Artigo: A gastança do prefeito


Calma, leitor, não se trata de um gestor municipal preocupado em resolver problemas de calvície ou usar jato da Força Aérea Brasileira (FAB). Tampouco se refere ao aumento de cota ou do próprio salário. Pelo contrário.
É difícil não crer que nossos políticos vivam no “país das maravilhas” ou que eles próprios não acreditem nisso. Afinal, para os demais brasileiros é penoso entender como, diante de tantas benesses, ainda é possível exacerbar a vaidade com implante capilar à custa dos cofres públicos, logo depois ressarcidos – é verdade, diante da repercussão negativa.
 Também é inacreditável descobrir que determinada ministra usa helicóptero - destinado ao atendimento prioritário do SAMU - para inaugurar obras e antecipar sua campanha eleitoral. Ou que, ao invés de se precaver de desastres naturais, a chefe do Poder Executivo Federal sobrevoe as áreas devastadas fazendo pose (para fotos!) de preocupação. O bom senso foi pelos ares.
Bloomberg
Isso não suficiente, assistimos ao inchaço do Estado, centralizado em Brasília, que presta o desserviço do mau exemplo ao criar cargos, ministérios e secretarias para acomodar interesses, ao passo que aumenta a dívida pública e privilegia partidários. A política perdulária instaurou-se em nosso país.
Além disso, lobistas e empresários balizam as ações de muitos de nossos políticos. Financiadores de campanha têm seus “investimentos” retribuídos durante os exercícios de mandato. Afora a reforma política, que paira no Congresso. E, incrível, o financiamento de campanha já tramita junto ao Supremo Tribunal Federal.
Já o prefeito gastou com lanches e cafés para sua equipe, realizou viagens com assessores, mandou instalar aquários na sede da prefeitura e até reformou a casa em que deveria morar. Nas campanhas por sua eleição, gastou mais de duzentos milhões de dólares.
O responsável por essa gastança: o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que transmitiu o cargo nesse primeiro de janeiro, depois de 12 anos de mandato em que abdicou de um salário de US$ 2,7 milhões por US$ 1 (um dólar!) ao ano e em que gastou cerca de US$ 650 milhões do próprio bolso. Sim, do próprio bolso!
Essa é uma das notícias de ano novo despercebidas na imprensa nacional. Além do altruísmo realizado a partir de doações a campanhas cívicas, culturais e de saúde, Bloomberg “deixará como legado recordes como redução do crime, segurança nas calçadas e construções que transformam a paisagem de arranha-céus”, cita uma reportagem a seu respeito. 
Como exemplo, também fica a subversão na dinâmica financeira daqueles que ocupam cargos públicos e são financiados por empresários.
Enquanto isso, no Brasil...

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