sexta-feira, 22 de junho de 2012

Artigo: Votar em quem ou em quê?


As eleições deste ano têm surpreendido a todos. Não pelo surgimento de um provável estadista, tampouco pela propositura de grandes projetos e ideias, mas pelo pragmatismo de partidos e candidatos.
Nessa semana, o ex-presidente Lula, no intuito de tentar eleger seu candidato em São Paulo, articulou coligação (e posou para fotos) com o ex-governador Paulo Maluf, político brasileiro que figura entre os mais procurados em todo o mundo pela Interpol (Polícia Internacional).
O fato provocou alvoroço entre partidos, militantes e eleitores. Afinal, vale à pena, pela conquista de poder, fazer qualquer tipo de aliança? Seja por espaço na TV, obtenção de recursos financeiros ou barganhas de cargos, pode-se deixar de lado as ideologias partidárias?
No caso de Porto Alegre, mais por questões ideológicas entre as siglas – pela própria característica do debate político dos gaúchos –, tivemos a oportunidade de acompanhar, numa espécie de prévia, o apoio não concretizado de um partido tipicamente de direita a um partido de esquerda, comunista.
Nesse processo, debateu-se, também, apoiar o atual prefeito da capital, pertencente a uma sigla mais ao centro. Mas o que caracteriza esse posicionamento entre centro, direita e esquerda? Os estatutos e programas partidários, por certo!
Simples, mas nem tanto. Nacionalmente, acabamos de chegar ao trigésimo partido registrado. Nesse contexto, como o eleitor pode identificar, com clareza, quais as principais características de cada um? Diretamente, através de seus representantes, candidatos e ocupantes de cargos. Ou nem assim?
Esquerdismos à parte, uma eleição não deve significar unicamente a implantação de um projeto de “ditadura do proletariado” ou, no caso da direita, um programa liberal ou conservador, exclusivamente. São dias de sincretismo político.
Exemplo: o governo Lula pautou-se pela socialdemocracia, o assistencialismo e a caracterização de um modelo em que ele mesmo disse que não existiria mais direita e esquerda. A meu ver, é este o caminho a que se dirige nossa política. Mas a que preço?
Não fosse o baixo nível de alguns “abraços” que precedem a campanha eleitoral e as exceções nas políticas de aliança, perceberíamos facilmente que vivemos tempos de democracia moderna.
Temos senadores e deputados que já tiveram seus mandatos cassados e voltaram a ser eleitos. Corre, no Congresso Nacional, uma CPI Mista que procura apurar corrupção envolvendo desde governadores a integrantes de instituições públicas e privadas em vários níveis.
Seria a corrupção o reflexo do pragmatismo político transformado em fisiologismo ao se obter o poder? Talvez, pois o passo após a eleição é a formação da “base aliada”, a busca pela governabilidade.
Nada disso tem a ver com a dicotomia entre esquerda e direita, mas em ser oposição ou fazer parte do governo, sua composição e projeto. Tem a ver, principalmente, com essa dita governabilidade que pode transformar opositores em aliados.
Mas o que existe, de fato, é a necessidade de se atender a quem elege: o eleitor! A população! Em síntese: Votamos no quê? Votamos em quem?

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