O Brasil cambaleou até 1964 cansado da política nacional em
que estava envolto. Influências internacionais, manifestações nas ruas,
problemas econômicos trilharam caminho para o golpe ou contra-revolução, como
sugerem os militares.
No próximo ano, quando completar meio século, o revanchismo
entre direita e esquerda (que minha esperança almejava encerrar) pode ganhar fôlego
e se acirrar ainda mais. Em 2014, não só o circo da Copa do Mundo nos
abocanhará, mas também as eleições gerais, com a escolha de “novos”
governadores, presidente e deputados.
Isentando uma análise profunda, cabe tentar responder o que
mudou. As manifestações atuais saíram das ruas e arrombaram a porta dos
Executivos e Legislativos, acampando em gabinetes e palácios e provocando
“pilhagem” nos direitos conquistados por nossa democracia, seja de políticos,
cidadãos ou dos próprios “piratas”.
Entre as novidades estão os integrantes do chamado “Black
Bloc”, reunião de manifestantes que têm como característica a depredação e o disfarce.
Sem aparentemente conhecer ou seguir algum modelo ideológico, pretensamente autodenominam-se
anarquistas e mantêm ativas reivindicações genéricas e generalizadas,
principalmente no Rio, São Paulo e Porto Alegre.
Também a opinião pública tem algo de novo no cinqüentenário
que se aproxima. A “mídia ninja” que, em tese e em tempo real, é onipresente,
onisciente e divulga e opina sobre quase tudo o que acontece. Com smartphones, a
produção de conteúdo transborda, a informação tornou-se amplamente capilar e
abrigou-se na internet.
Para ajudá-la, infelizmente, ainda continuam
“tiranossáuricas” as formas de repressão e de coibir manifestações. Violência e
uso da força são livros de cabeceira que os militares deixaram de herança para
as polícias. Parêntese: espero que não cheguemos ao capítulo da tortura, usada
mais por burrice estratégica que por método, segundo sugere o “Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil.”
Hoje, as redes sociais são as novas redes de intrigas.
Possivelmente, manifestantes já tenham suas datas previstas para também voltar
às ruas no ano em que o marco político de nossa história completar cinco
décadas: as datas de 31 de março, jogos da Copa, 7 (ou 20 para os gaúchos) de
setembro e 5 de outubro, o “dia da mudança”, dia das eleições.
Talvez tudo isso, este momento, seja modismo e os atos
violentos venham a se espelhar nos tropicalistas, que acreditavam que o melhor
jeito de protestar e “quebrar tudo” era fazer música.
Se nada for feito, as reivindicações da “voz das ruas” parecem
ter sido dadas em libras, e nossos políticos as responderam como fazem os
macacos da história. Quem sabe, para além da retórica, “caia a ficha” e a
classe política ponha em prática medidas concretas. Quem sabe...
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