sexta-feira, 16 de agosto de 2013

#Artigo: 50 anos depois, um novo 64?


O Brasil cambaleou até 1964 cansado da política nacional em que estava envolto. Influências internacionais, manifestações nas ruas, problemas econômicos trilharam caminho para o golpe ou contra-revolução, como sugerem os militares.
No próximo ano, quando completar meio século, o revanchismo entre direita e esquerda (que minha esperança almejava encerrar) pode ganhar fôlego e se acirrar ainda mais. Em 2014, não só o circo da Copa do Mundo nos abocanhará, mas também as eleições gerais, com a escolha de “novos” governadores, presidente e deputados.
Isentando uma análise profunda, cabe tentar responder o que mudou. As manifestações atuais saíram das ruas e arrombaram a porta dos Executivos e Legislativos, acampando em gabinetes e palácios e provocando “pilhagem” nos direitos conquistados por nossa democracia, seja de políticos, cidadãos ou dos próprios “piratas”.
Entre as novidades estão os integrantes do chamado “Black Bloc”, reunião de manifestantes que têm como característica a depredação e o disfarce. Sem aparentemente conhecer ou seguir algum modelo ideológico, pretensamente autodenominam-se anarquistas e mantêm ativas reivindicações genéricas e generalizadas, principalmente no Rio, São Paulo e Porto Alegre.
Também a opinião pública tem algo de novo no cinqüentenário que se aproxima. A “mídia ninja” que, em tese e em tempo real, é onipresente, onisciente e divulga e opina sobre quase tudo o que acontece. Com smartphones, a produção de conteúdo transborda, a informação tornou-se amplamente capilar e abrigou-se na internet.
Para ajudá-la, infelizmente, ainda continuam “tiranossáuricas” as formas de repressão e de coibir manifestações. Violência e uso da força são livros de cabeceira que os militares deixaram de herança para as polícias. Parêntese: espero que não cheguemos ao capítulo da tortura, usada mais por burrice estratégica que por método, segundo sugere o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil.”
Hoje, as redes sociais são as novas redes de intrigas. Possivelmente, manifestantes já tenham suas datas previstas para também voltar às ruas no ano em que o marco político de nossa história completar cinco décadas: as datas de 31 de março, jogos da Copa, 7 (ou 20 para os gaúchos) de setembro e 5 de outubro, o “dia da mudança”, dia das eleições.
Talvez tudo isso, este momento, seja modismo e os atos violentos venham a se espelhar nos tropicalistas, que acreditavam que o melhor jeito de protestar e “quebrar tudo” era fazer música.

Se nada for feito, as reivindicações da “voz das ruas” parecem ter sido dadas em libras, e nossos políticos as responderam como fazem os macacos da história. Quem sabe, para além da retórica, “caia a ficha” e a classe política ponha em prática medidas concretas. Quem sabe...

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