sexta-feira, 2 de agosto de 2013

#Artigo: Fim das emendas parlamentares!

Há fatos na política nacional em que as ações são superadas pelo esquecimento. Sobre as cinzas das reivindicações das ruas, o Congresso voltou, pós-recesso, às suas atividades e às velhas artimanhas.
Existe, dentro da relação entre Congresso Nacional e Poder Executivo (entenda-se Planalto e Secretaria de Relações Institucionais – SRI), uma promiscuidade nauseante quando da necessidade da aprovação de projetos de interesse do governo, como explicitou Zero Hora em seu editorial desta última quinta-feira.
Senso comum, as emendas parlamentares individuais são dinheiro público e pertencem a todos os cidadãos brasileiros. Por serem chamadas de discricionárias, são de livre empenho, uma espécie de “sinalização” que o dinheiro existe e poderá ser empregado. Isso significa dizer que o governo pode utilizá-lo como, onde e quando quiser.
Ou seja, como se fosse comprar uma mercadoria, toda a vez que necessita aprovar algo de seu interesse o governo oferece aos parlamentares, um pecúlio correspondente ao que julga justo para que tenha sucesso nas votações de seu interesse.
Se, por um lado, o governo não devesse, no mínimo por questão moral, valer-se de tal traquinagem, também os congressistas deveriam opor-se a ela. Mas, para atender necessidades de suas bases eleitorais, acabam entrando no jogo e participando da barganha. Com que direito? E a questão ética? E de que serviram tantas manifestações nas ruas reivindicando postura e coerência aos nossos políticos? Qual a regra? Não há!
Oferece quem pode e todos recebem, inclusive a oposição. Mesmo com um de seus líderes dizendo que a liberação de emendas é um “mensalão disfarçado”, não há recusa de nenhum parlamentar em ter suas emendas empenhadas em época de votações importantes.
Enquanto essas possibilidades forem permitidas, da indicação de emendas individuais e da modificação do Orçamento Geral da União na Lei Orçamentária Anual (é importante citar que ocorrem todos os anos), nada mudará entre o Executivo e o Legislativo nesse processo.
Porém, há uma alternativa de iniciativa do Legislativo, o chamado “Orçamento Impositivo”, que pretende fazer com que as emendas individuais dos parlamentares sejam sempre empenhadas e executadas, o que, teoricamente, impossibilitaria as barganhas e o “toma lá, da cá” entre os dois poderes.
Não é um assunto simples e não é feito às claras, não há transparência, e quem deveria fiscalizar é parte interessada, o que dificulta até mesmo que possamos entender o que realmente ocorre ou que a imprensa possa divulgar.
Ou se muda a forma como as emendas individuais dos parlamentares são tratadas ou que se elimine a possibilidade de sua indicação ao orçamento!

 Até lá, é só mais um fato que justifica a insatisfação da população com a classe política.

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