terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

#Artigo: Uma questão de valores


Para os brasileiros, é comum presenciar e até participar de campanhas de arrecadação de valores. Há redes de comunicação, vizinhos, entidades que as promovem. Agora, há uma fatia da sociedade inovando com o “mensaleiro esperança”.
Via de regra, tais campanhas têm finalidade social e visam compensar a ausência de Estado. Ora de forma direta, como atingidos por desastres naturais ou campanhas do agasalho, por exemplo. Ora indiretamente, financiando entidades, projetos ou organizações. A mais famosa delas tem apoio da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura.
Logo em seguida de suas realizações, há a cobrança sobre a destinação de recursos, como estes foram empregados e quem foram os beneficiados. Também há, pela necessidade de transparência, o questionamento de “que vantagem ‘Maria’ leva”? São preceitos de quem possui valores sociais.
Há também os que fracassam em suas tentativas de angariar recursos. Os casos mais explícitos estão ligados à captação, à área cultural e seus valores. Há, inclusive, leis de incentivo, exigências, contrapartidas (não só financeiras). A princípio, o processo é devidamente legalizado e transparente.
Assim, dadas as motivações, sem pregar falso moralismo, bem-sucedidas ou não, podemos dizer que, independente de ideologias ou politicagens, as campanhas de arrecadação têm por suporte valores éticos e morais. No geral, almejam suprir carências de nossa organização civil e política.
Estarrece, portanto, quando dois condenados pela mais alta corte de nosso sistema Judiciário – cumpridas todas as fazes recursais – conseguem arrecadar um valor superior a R$ 1,5 mi (um milhão e meio de reais!), em pouco mais de duas semanas.
Ambos foram condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha. Com o único objetivo de pagar a multa imposta pela justiça, usufruíram de sites, supostamente viabilizados por amigos, para arrecadar valores pecuniários. Conseguiram. Mas avalizados por quem?
Quanto a quem  fez doações, quais seus valores? Pode, em uma atitude que contradiz a Justiça, haver apoio àqueles que praticaram crime? Não estariam corroborando para a impunidade e o estabelecimento dessas práticas?
E mais, os que simpatizam com os condenados, como, de que forma e por que contribuíram? Estão vinculados a qual partido ou entidade sindical e respondem a qual interesse? Se assim o fizeram, deixaram de respeitar o regime político vigente?
Essas arrecadações endossam que é possível desrespeitar as leis atuais, fazer qualquer coisa fora delas e desmoralizar nosso sistema de governo e poderes. Não se pode permitir a criação de uma nova justiça, em que o perdão se dá através de doação financeira e serve apenas a interesses pessoais, políticos ou partidários.
Que valores queremos para o nosso país? Qual o tamanho da quadrilha?

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