segunda-feira, 4 de agosto de 2014

#Artigo: Brinquedo quebrado (o menino e o tigre)

Há vários males que atingem a criação de nossos filhos. Além da avalanche e licenciosidade de conteúdo, disponíveis a partir de qualquer smartphone, ainda há a questão familiar e o compartilhar.
No mais recente - e assombroso - episódio de repercussão nacional, provavelmente mundial, um menino perdeu o braço, devorado por um tigre. O fato ocorreu no Paraná, enquanto o filho passava as férias com o pai.
Como muitos, sou da geração de pais separados e, ao contrário de meus filhos, “optei” em crescer acolhido por meu pai e não por minha mãe. Ao menos até quase completar 18 anos, era ele o meu cuidador.
Sem querer pregar o falso moralismo do modelo padrão “papai, mamãe e filhinho”, abdiquei da criação dos meus por uma experiência pessoal ruim. O convívio, o amor, o carinho e educação devem fazer parte desse ambiente.
Não há família nem filho que sustente um casamento fracassado. Tampouco a submissão à violência doméstica se justifica em nome da “célula da sociedade”.  Nosso mundo moderno e globalizado já está apto a novos conceitos de família.
Desse possível desmantelamento e a partir da guarda compartilhada dos filhos, os pais passam a revezar responsabilidades, cuidados e férias, com familiares ou não, com consequentes postagens e selfies.
Foi o que aconteceu no Paraná. Sem estabelecer pré-julgamentos, há alguns pontos a considerar. O primeiro deles é o de que o pai (ou mãe) em férias com o filho, geralmente, permite - e até incentiva - estripulias não permitidas no cotidiano.
Mas, onde estava com a cabeça esse “responsável” por zelar pela criança ao possivelmente incentivar (ou ignorar) traquinagens com um tigre, uma animal selvagem? E os guardadores do zoo?
Pior ainda: o que pensavam aqueles que filmavam tudo para depois compartilhar em rede social? Quem assumirá a “devolução” do filho para a mãe - como se um brinquedo quebrado fosse? Os que assistiram e filmaram a tudo?
Recorrentes são os casos de violência que, antes de causa, efeito e consequência, transformam-se em virais de internet. E, evitando que nos tornemos figuras tão bestiais quanto o que compartilhamos, melhor seria pensar antes de curtir.

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