quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Análise do @cesarmaia sobre as ações de violência no RIO

TRÁFICO E TERROR URBANO: O MÉXICO COMO A PRÓXIMA ETAPA???? 

1. Os atos típicos de terror, com veículos incendiados, podem até ter as razões que o secretário de segurança do RJ alega. A questão básica é que ao mesmo tempo em que -literalmente- "se apaga incêndios" reprimindo para acuar e inibir novas ações, os órgãos de segurança -do Estado do Rio e do Governo Federal, deveriam estar avaliando porque se introduziu este tipo de ação e a que isso poderá conduzir. 

2. Os arrastões,( esse Ex-Blog- insiste), que começaram há meses atrás, entraram no vácuo deixado pela retirada da PM do policiamento de transito. As razões foram aqui apresentadas por duas vezes. O desdobramento desses, em atos de 'terror' contra veículos, incendiando-os sem roubar, (que é o que os caracteriza como 'terror'), é que deve ser bem analisado. 

3.Uma hipótese mais simples, e direta, é a associação do PCC ao CV no Rio. Fazendo fé na informação que as facções aqui estariam atuando conjuntamente, se reforça essa tese. Os atos tipo 'terror' foram usados em SP pelo PCC, em 2006.  ( Terra- 15\05\2006- "A terceira noite da onda de violência provocada por criminosos em São Paulo foi marcada por ataques a bancos e ônibus na Grande São Paulo.  Em outra frente de atuação, os criminosos incendiaram pelo menos 66 ônibus urbanos.) 

4.O PCC conseguiu em SP unificar as facções. A prática levou a isso.  Pode ser outro importante indicador da orientação do PCC. Afinal onde está o PCC é ele que comanda os presídios. Com a presença das UPPS e -paradoxalmente- das milícias, (conforme mostrou o Globo duas semanas atrás em trabalho do ex-capitão do Bope, Paulo Storani, ), o tráfico ficou com menos territórios. Faz sentido estabilizar as áreas e eliminar o confronto entre facções. 

5. Isso é possível e até provável. Mas o que preocupa demais, é quanto ao futuro. O tráfico com essas ações de terror, que se somam a outras onde veículos foram explodidos com colocação de bombas profissionais para eliminar adversários, apresenta no Rio uma nova faceta. Pode ser uma retaliação às UPPs. Mas isso indica uma outra etapa do crime organizado aqui e do uso de novos instrumentos? 

6. Vide os Cartéis mexicanos. A experiência e os recursos, levaram-nos a uma sofisticação dessas organizações, diversificação dos objetivos do crime, terceirização de sicários e de segmentos das ações, uso de novas armas e métodos, a um ponto que o enfrentamento mesmo sendo feito em conjunto entre as Forças Policiais e as Forças Armadas, gera um quadro de guerra civil de média intensidade. 

7. Dessa forma -prevenir para que não se chegue a este ponto, deve ser do interesse de todos, incluindo as FFAAs. Para isso há que se analisar com lupa, diagnosticar com precisão e ir além dos fatos desses dias. O que não se pode, é correr o risco de estarmos saindo do tráfico de drogas no varejo das favelas, para a regionalização,estabilização e unificação das facções, para o aprendizado de atos de terror e -o que seria  trágico- chegar-se a uma estrutura que apontasse na direção dos Cartéis mexicanos. Analisar e prevenir tem custo insignificante perto do que poderia vir, se isso não for feito. 
 

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