Para quem escreve ou tem apreço pelas palavras, há sempre aquelas de “estimação”. É fácil perceber isso nos discursos dos políticos. Pelos pampas, “afogadilho” é uma delas. Para mim, a palavra magnânimo.
Quero crer que a saída de cena de Simon tenha sida magnânima. Mais que um ato de estratagemas políticas, pode ter significado uma inflexão da própria vida. Seja em favor do filho, que seguirá sua carreira, seja pelas necessidades de renovação que a política exige.
Há a possibilidade do fato ter origem nos questionamentos gerados após as declarações de que deixaria a política, em entrevista exclusiva a um canal de televisão. Ou por lembrar de seu declarado franciscanismo. Só ele sabe.
O que ocorre - e que não pode ficar absorto na discussão sobre usufruto (legal, cabe dizer) das benesses do Senado Federal - é que Simon faz parte da história política brasileira.
No Rio Grande do Sul, ele foi protagonista de inúmeros fatos marcantes na política. São cerca de cinquenta anos com mandato e “outros tantos” politicando. Simon nasceu político.
Se continuasse no cargo, talvez encerrasse a carreira com 93 anos de idade, após mais um mandato. É muito tempo, mesmo para senadores.
Ao deixar sua cadeira (e é difícil crer que, no RS, nem mesmo o mais jovem dos eleitores não saiba quem é Pedro Simon), abre-se uma oportunidade de renovação, tão desejada pelos manifestantes das ruas e das redes sociais.
Assim, pela peculiaridade da eleição a senador, que alterna o número de vagas disponíveis, neste ano, há apenas uma em disputa. Em 2018, outras duas.
Vale lembrar que a eleição é majoritária e elege-se quem receber mais votos. Não há segundo turno e a idade mínima para habilitar-se é de 35 anos.
Por enquanto, Beto Albuquerque (51), Emília Fernandes (63), Germano Rigotto (64) e Lasier Martins (71) são os prováveis pré-candidatos e já pontuam nas pesquisas. Mas a situação sobre quem estará ao lado de Sartori tem outros componentes.
O PMDB de Pedro Simon, Rigotto e Sartori faz parte do governo Dilma. Uma aproximação com o PT no Estado é historicamente inviável. Simon é próximo de Marina, a pregadora da nova política ao lado de Eduardo Campos, a quem Sartori já declarou preferência.
Se avizinha uma boa disputa ao Senado para os gaúchos. Se forem confirmados candidatos, Lasier Martins é a novidade vinda dos meios de comunicação, e Beto Albuquerque, até agora, só foi deputado estadual e federal. Rigotto foi deputado e governador e Emília deputada e senadora.
Então, para honrar a história de Pedro Simon, ao ser definido o candidato, seria possível uma transição na representação dos gaúchos e ele vir a compor como suplente? Quem sabe?
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