sábado, 1 de março de 2008

O PT, os outros e passionalidade - I

As campanhas eleitorais modernas diferem das que precederam a era Collor em dois aspectos relevante, a militância e o marketing como ferramentas eleitorais. Entender como esse processo se dá é condição “sine qua non” para que possamos elocubrar as razões da possível derrota do PT em Porto Alegre e dos motivos que o fazem adotar práticas marqueteiras.


Antes de tudo, precisamos diferenciar militantes e eleitores. O primeiro — como o nosso bom e velho amigo Dicionário Aurélio explica e continua sem ilustrar — é um combatente, que atua, um apóstolo ou “6. Aquele que pertence a alguma das organizações apostólicas da Igreja.” Já o eleitor é, singelamente, “aquele que elege”. Pois que os porto-alegrenses votantes do PT em eleições passadas não eram militantes, mas eleitores imbuídos de tal tarefa, embebecidos pelo discurso de participação.

Mas como manter a proliferação extraordinária da maré vermelha com suas bandeiras, para o público externo, sem que fosse necessário pagar para isso e ter que entrar no jogo publicitário que se transformaram as campanhas? E, ainda, provar que a militância existe de fato e trabalha pela causa e não pelo salário. Fácil: Marketing.

Utilizar a publicidade e a propaganda como ferramenta para eleger um candidato é coisa de americano. Literalmente, John Kennedy implantou tais táticas, dando origem ao marketing político em 1960, propagado mundialmente. Em Israel, Ariel Sharon, sabidamente um homem de direita, elegeu-se primeiro-ministro valendo-se de tais técnicas, posando de estadista e como um bom velhinho, conquistando a esquerda. No Brasil, em 1989, Fernando Collor inauguraria este estilo de campanha, saindo do nada para eleger-se Presidente, pelo partido que criara para tal. Na última eleição, Lula abandonou a barba mal feita e a camisa vermelha com calça jeans por um cabelo aparado e ternos de marca.

Partindo de São Paulo, Duda Mendonça, em 1998, usou o slogan “Foi Maluf que fez” para tentar elegê-lo presidente, mostrando as obras realizadas por Maluf (e eleito seu pupilo, Celso Pitta) depois de ter derrotado Erundina, na época petista. Hoje, o mesmo Duda e sua nau continuam a expedição Brasil afora, utilizando o mesmo jargão e suas variáveis. Desrespeitando as peculiaridades regionais, em São Paulo, o slogan é “Marta faz bem-feito”; em Porto Alegre é “Raul faz melhor”, apaulistando a campanha para a prefeitura e, indiretamente, comparando Raul Pont e os petistas a Paulo Maluf, que, atualmente, pede votos para Marta.

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