sábado, 1 de março de 2008

A corrupção também usa bombachas

Publicado em Zero Hora 07/12/07
Síntese publicada no Jornal do Comércio de 12/12/07

“O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente."

Passados cerca de cento e cinquenta anos da afirmação de Lord Acton, a máxima bate à porteira do Rio Grande, fazendo ruir (literalmente), em sua acepção, o frontispício de austeridade e politização dos gaúchos, deveras cantado e proclamado.

É essa bandeira, agora farrapa (com o perdão do trocadilho), que (ora) tanto nos aborrece. Não somos diferentes, não estamos distantes do suborno, do nepotismo, da extorsão, do tráfico de influência. Não somos melhores!

No Brasil — historicamente estabelecido pelo seu sistema cartorial autoprotetor, que concede foros privilegiados e legitima aqueles que obtém poder político, a corrupção alicerça-se na falta de punição e no crime sem castigo, transformando o “jeitinho brasileiro” em propina.

Prova dessa impunidade é o estudo divulgado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que mostra que entre 1988 e 2007 nenhum agente político foi condenado pelo STF. Nesse período, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou apenas cinco autoridades
Em suas variadas formas, a corrupção atinge-nos diretamente em todas as esferas da organização social e estatal. No RS, apesar da venda em nossos olhos, é fácil encontrar políticos, empresários e funcionários públicos envoltos em fraudes licitações e contratos irregulares, desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito e casos mal explicados.

Através do Google, em uma busca rápida pela palavra corrupção no site http://www.clicrbs.com.br/, encontramos mais de quinhentas ocorrências (524 no momento da pesquisa). Ali aparecem diversos municípos, do interior à capital.

Aparecem Detran, Procergs, prefeituras, autarquias, deputados, bancos, empresas, ministérios; enfim, Executivo, Legislativo e aquele que deveria zelar pela probidade, o Judiciário, figuram em denúncias, inquéritos, diligências e, quando raramente são citadas, prisões — temporárias, é claro.

Na chafurda gaudéria, vimos nossas instituições, representantes, agentes públicos e assessores afundarem-se cada vez mais, trazendo para a roda de chimarrão o cotidiano do mal que assola os brasileiros: corrupção e impunidade!

Humanamente, não poderia deixar de ser de outra maneira, a corrupção também existe entre os gaúchos. Não podemos é fazer olhos grossos e pecar pela omissão. Para este mal, há apenas um remédio: transparência, que deve existir desde o Presidente, passando pela Governadora, até o líder estudantil.

Clei Moraes

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