quinta-feira, 20 de março de 2008

Política e Conferência das Cidades

Publicado no Jornal do Centro de 05 a 20 de março
O Forum Social Mundial deixou nossa cidade e se perdeu pelo mundo. Para trás, ficaram marcados os posicionamentos da dita esquerda, dando visibilidade para a capital como referência no campo das idéias. Consequência direta, Porto Alegre foi escolhida para realização da Conferência Mundial sobre Desenvolvimento de Cidades.

Em fevereiro, passaram por aqui mais de trinta instituições, trezentos especialistas e cinco mil parciticipantes, nacionais e internacionais. Como ocorreu com o FSM, nesses dias, o incremento da economia e do turismo durante a realização do evento foi um dos principais destaques para os porto-alegrenses. Entretanto, não é este o principal legado da Conferência.

Foram debatidos temas que envolvem diretamente o cidadão em sua acepção, como habitante da cidade – esta que passa por crescimento e adequação. Nesse sentido, sustentabilidade e capital social foram abordados através da troca de experiênias, de soluções e projetos inovadores, envolvendo munícipes na definição de ações no cotidiano das metrópoles e das pequenas cidades.
Esse é o grande questionamento que nos cabe: qual o nosso papel em relação a nossa cidade, a nossa comunidade, ao nosso bairro? Somos nós que temos a vivência com os problemas e possíveis soluções, que, em nosso convívio, nos relacionamos com as demais redes de pessoas e com o poder público. Esse foi um dos principais motes abordados pela conferência: o capital social.

É essa inteligência coletiva dos moradores que é disperdiçada e que foi chamada de “nova cidadania”, engajando e dando responsabilidade ao cidadão . Por conseguinte, as ações dos agente políticos e públicos, muitas vezes, acabam por ignorar a visão de montanha dos moradores, agindo diretamente na planície. Metáforas à parte, temos visto nossa cidade mudar, sem saber quais os planos para o futuro, quais projetos nos aguardam e quais as consequências no nosso dia-a-dia.

São novos tempos, cujos temas trazidos nos parecem distantes, como integração nas democracias representativas e “cidades-rede”, defendidas pelos particibantes. Por outro lado, assuntos sobrevêm pela proximidade, como inclusão digital do bairro, construção da segurança local e redução da miséria, tão comuns em ano de promessas.

Mais uma vez, Porto Alegre se estabelece como referência na contrução de idéias, mais que da aplicação de recursos. Esperemos que nossos governantes deixem de lado a estiagem na criatividade política e que passem à prática do aproveitamento das idéias de seus eleitores.

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