sábado, 1 de março de 2008

O PT, os outros e passionalidade - II

Estandarte das administrações do PT, o Orçamento Participativo serve de estola para seus candidatos e marqueteiros, como se para isso fosse necessário o respectivo sacerdotismo. Sob a promessa do malefício causado pelos opositores com um suposto fim do OP, cobram o dízimo eleitoral a cada pleito. Mesmo não tendo parcela significativa no orçamento da prefeitura, o medo propagado pela publicidade da não participação dos cidadãos é utilizado para impelir seus militantes, desconsiderando origens e demais formas de participação existentes, como a da participação direta, sem temas e delegados pré-determinados. Há o mérito, sem dúvida, respaldado pela mídia e propaganda internacionais.


Ainda com relação ao medo, existe a possibilidade de alguns cargos em comissão simplesmente deixarem de ser ocupados pela mesma pessoa, e olha que alguns há quase 16 anos. Os mesmos ocupantes que, na maioria das vezes, além da política, não possuem uma outra profissão. Contrapondo o número destes cargos, já que a prefeitura utiliza muitas funções gratificadas, existem os funcionários públicos municipais, também remunerados como dissemos anteriormente. Em retribuição ao trabalho prestado, ter salário de CC é uma arte, balançar bandeira em frente às instituições municipais, faz parte.

Não fosse tão somente os integrantes da prefeitura é necessário constatar que a cidade esta sitiada, pois é necessário dar visibilidade ao público com relação às adesões dos eleitores ao exercício da militância. Domingo, dia 24, vários ônibus ocupavam a rua João Pessoa. Lotados de bandeiras e pessoas com as respectivas marcas e logotipos de movimentos sindicais ligados ao Partido dos Trabalhadores. Fora o translado, o city tour, as passagens e, em alguns casos, a hospedagem, ainda foram galardoados com sanduíches estilo pão e manteiga quase ao final da tarde. Alguns concederam entrevistas para os programas. Difícil foi não perceber que os transportes vinham da região metropolitana, Bagé, Santa Maria, Alvorada e que os sotaques interioranos estavam presentes.

Um dos princípios da democracia é a alternância no poder. José Genoino, presidente nacional do PT, diz que essa é uma das defesas de seu partido, o que chama de “democracia substantiva”. O mesmo José relembra que o regime militar durou cerca de 20 anos e sabotou “as regras constitutivas da democracia e seus procedimentos, como o sufrágio universal, a liberdade de organização e expressão, o pluralismo partidário, o Estado democrático de Direito, o exercício limitado do poder e a alternância no poder. Esquece-se do sectarismo político que vivem os poto-alegrenses, como colorados e gremistas, maragatos ou ximangos.

A representatividade de uma capital como Porto Alegre para a esquerda mundial só encontra precedentes em países europeus. O Fórum Social Mundial e mesmo o Orçamento Participativo, que encontra respaldo na Organização das Nações Unidas, ou a qualidade de vida de nossa cidade não são propriedades, logotipia ou peça publicitária de esta ou aquela agremiação, mas uma conquista de todos nós. Esse engajamento dos gaúchos e a defesa ferrenha de nossos interesses de cidadãos nos são características natas, sem que sejamos pagos com obras, showmícios ou exigidas taxas políticas a cada eleição. Dessarte, somos o pleno exercício da democracia social que Gilberto Freyre identificou no povo sulino.

A passionalidade está em, incitados a rebater qualquer argumento que gere dúvida, militantes transformarem-se em combatentes de armadura, elmo e cota de malha. A política mudou e está em constante mutação, chegaremos ao ponto em que esquerda e direita não mais existirão, mas até lá o PT continuará, como outros partidos, pagando pela militância que lhe convier, da forma proveitosa que se fizer necessária, tentando manter o discurso e habituando-se a ter o marketing como aliado. Quando à pratica. Bem...

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