sábado, 1 de março de 2008

O Natal e o vendedor de papel para presente

Publicado no Jornal do Centro - Dez/07

Considerada uma das datas mais rentáveis para o comércio, o Natal aquece o mercado consumidor, repete notícias, reportagens, matérias e compras de última hora, transformando o Centro da cidade na Meca dos consumidores porto-alegrenses.


Como na peregrinação, a vinda ao centro é obrigatória ao menos uma vez na vida, para disputar espaço entre compradores apressados, sacolas, seguranças de lojas, camelôs (formais e informais) e vendedores de papel de presente — um dos símbolos, quase que exclusivos, de nossa Capital.


Antes, em um passado não distante, em uma das lojas de armarinho, ou em uma das "Mesblas e Renners", os presentes eram embrulhados pelos próprios vendedores, com fitas de cor vermelha e laços da melancolia que isso nos traz.


Era época de pouca pressa, em que parávamos para observar os enfeites natalinos que ainda alteram, em nossos dias, as fachadas de prédios e o cenário de nossas ruas.


O vendedor de papel para presente nasceu do casamento do comércio moderno com as compras de última hora. Não teve lugar no shopping, nem em uma mega store.


Hoje, observa o surgimento de grandes lojas e a transformação do Centro em referência em compras, oferecendo serviços, produtos de artesanato, mercadorias de R$ 1, 99, videogames e eletro-domésticos high-tech, e até automóveis.


Nas lojas, além do horário de funcionamento ampliado, o 13º auxilia a engordar o carrinho de compras, anabolizando as vendas em cerca de 7% a 10%, ampliando a oferta de empregos e fazendo com que o mês de dezembro seja época de bois gordos para o comércio, segundo o CDL. E para o vendedor de papel para presente, é claro!


Mas nem tudo é idílico nessa história. Alguns problemas ainda se repetem. A falta de segurança, o trânsito complicado que cria engarrafamentos — ainda mais agora, com a construção do camelódromo. Também a informalidade dos vendedores de calçada e o "shopping chão" da Rua da Praia agregam-se aos problemas não resolvidos no Natal de nossos governantes municipais.


Porém, o Natal é a celebração do símbolos e não leva em consideração os números do comércio, tampouco os problemas com assaltos nem mesmo a ceia do vendedor de papel para presente. É primordial solucionar os velhos problemas que acompanham a chegada do Papai Noel.
Clei Moraes – Consumidor (contato@clei.com.br)


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