sábado, 1 de março de 2008

Camelódromo: a sufixação do problema urbano

Publicado no Jornal do Comércio em 22/01/08
Publicado no Jornal do Centro em Fev/2008


A idéia de reunir vendedores ambulantes em um único local, de modo à bem os localizar, regularizar e estruturar, parece ser uma solução de centros urbanos como capitais e cidades-pólo.

Embora referendando possíveis ilegalidades e irregularidades, o camelódromo pode vir a amenizar o comércio informal e a concorrência desigual.

O sufixo grego drómos significa lugar para correr, pista, local de fluxo, corrente. É a sufixação servindo como resposta aos problemas das cidades. Como ocorreu com o sambódromo da capital, deslocado para o Porto Seco!

Em Porto Alegre, teremos um camelódromo aéreo. O término da obra está previsto para maio deste ano, com o possível abrigo de 800 comerciantes.

Camelódromo aéreo? Supostamente, para atrair (mais) consumidores e/ou por "esconder" os camelôs da área central.

Em 2005, ainda na apresentação do projeto, a Associação dos Cegos do Rio Grande do Sul, que possui 28 bancas na Praça Montaury, alertou quer "o empreendimento teria de atrair 500 mil pessoas diariamente para poder manter as bancas que ali seriam instaladas". Afinal, quem são os cegos?

A construção tem servido como argumento para a proposta de revitalização do Centro. Onde o Projeto Monumenta transcorre concomitantemente. Mas, por favor, não faça juízo estético!

O trânsito foi modificado, preparando a população para a transferência dos terminais de ônibus e sua integração aos "Portais da Cidade". A estação do Trensurb também altera itinerários no entorno do Mercado Público.

Com toda a visibilidade que as mudanças e o assunto proporcionam em ano eleitoral, a construção do chamado Centro Popular de Compras (CPC) pode, entretanto, não resolver o problema da informalidade e do tumulto que acompanham as barracas dos camelôs.

Ademais, outras questões precisam ser respondidas pelas autoridades. Qual o tratamento que será dado à possível venda e/ou sublocação dos espaços?

O que vai ser feito quando da (provável) reocupação das vias públicas por outros e novos ambulantes?

Qual o impacto comercial que o deslocamento da população, a circulação de consumidores e transeuntes poderá causar?

As perguntas e a pressa das autoridades é o dicionário que responde. Através da sufixação dos problemas da cidade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário