sábado, 1 de março de 2008

Corrupção, cegueira e impunidade

Publicado no Jornal do Comércio de 28/05/07
Publicado no Jornal do Centro de junho/07

"O homem é um ser político". E "Não há nada de errado com aqueles que não gostam
de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam".

Para não assistir à corrupção de alguns políticos e fazer com que a Justiça perceba os fatos e manifeste reação, Aristóteles e Platão, filósofos, pensadores e autores respectivos das frases acima devem ter pedido à justiça a venda dos olhos — ou posto os olhos a venda.

Mais uma vez, estamos nós, eleitores, sendo enxovalhados pela política, e a argúcia já não nos é permitida quando tratamos do assunto. Nos últimos cinco anos, somos noticiados rotineiramente com o envolvimento de ministros, juízes e detentores de cargos públicos envolvidos em escândalos de corrupção no círculo em torno da popularidade intocável do lulismo. Pelas manchetes, estamparam seus rostos assessores, chefes de gabinete, eminências pardas na parceria com Zé Dirceu, Lalau, Medina, Palocci e outros tantos impunes de condenação que precedem Zuleido e Rondeau.

Por mais que se empenhe e possua a Polícia Federal seu mérito por trazer à tona mais um fato que carcome a esperança daqueles que venceram o medo pelo voto, nem São Galvão vai resolver o problema da corruptividade que degenera o estado brasileiro. Nem pela oração das WebCams e dos Gatos nem pela popularidade do santo e da PF. São pop, causam alarde, têm bons marqueteiros, mas são meros coadjuvantes entre o fato e o feito. Não condenam. É preciso alguém de fora para atestar milagres, abrir as portas do céu ou banir para o mármore do inferno. Vamos orar.

A corrupção derruba qualquer índice positivo de um país. O engessamento do judiciário permeia a eficácia do Ministério Público. A legitimidade e transparência da democracia brasileira é embaçada por políticos corruptos. A ação das polícias federal, civil e militar é truncada pela "burrocracia" de interesses imposta por legisladores. Na complexidade de tantos sistemas públicos, constróem-se castelos de privilégios.

Enquanto possuirmos foros privilegiados para funcionários públicos e detentores de mandatos, a Justiça continuará sendo uma estátua que serve de ícone em frente ao STJ, na praça dos três poderes: a corrupção, a cegueira e a impunidade.

31/05/07

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