sábado, 1 de março de 2008

É o fim da picada!

Publicado no Jornal Diário da Manhã em 22/01

Era pra ser novidade, mas não é. No mínimo, deveria ser diferente, mas também não é. Enquanto o Ministro da Saúde assistiu as manchetes calado - por doze dias, mais uma vez, somos assolados por um mosquito. Desta vez, a febre amarela virou notícia.
É difícil acreditar que ainda enfrentemos as mesmas dificuldades que passaram Cristóvão Colombo e, depois, os brasileiros – pasmem – em 1846!


A história remota era da dengue. Porém, como o nosso conhecido Aedes aegypti também transmite a febre amarela, três anos depois, em 1849 (a primeira referência é de 1685), tivemos uma grande epidemia, ocorrida na capital do Império, no Rio de Janeiro.


Passaram-se os anos e a febre amarela urbana foi considerada erradicada em 1942. Contudo, o tempo parece não ter dado aos nossos governantes, nem ao nosso sistema público, a experiência necessária para erradicar tais doenças de nosso dia-a-dia, definitivamente.


E definitivo é palavra que nos falta quando falamos em saúde pública e erradicação de doenças no Brasil. Prova disso são as ocorrências de doenças ora epidêmicas, ora endêmicas.


Simploriamente, a diferença está na incidência da primeira, com grande número de casos em curto período de tempo; ao passo que a segunda se caracteriza pelo aparecimento de menor número de casos ao longo do tempo. Ilações conseqüentes: as doenças que têm como vetor um mosquito são endêmicas no país.


Outra inferência: se temos vacina como medida paliativa para febre amarela, por exemplo, não a possuímos para a dengue!


Ou seja, o uso de vacinas para combater surtos apenas atenua de forma momentânea determinado problema. Nesses casos, com origens maiores, como a falta de saneamento básico, a inexistência de programas sócio-educativos e de prevenção continuados, ou o simples emprego efetivo de receitas destinadas à saúde.


Em breve, como aconteceu no ano passado, inicia-se o ciclo das chuvas, quando a dengue volta a ser manchete. Esperemos que até lá estejamos com um plano de contenção eficiente, sem que tenhamos que enfrentar mais uma “operação emergencial mata-mosquito”.


Temporão, de acordo como dicionário Aurélio, é o que vem ou acontece fora ou antes do tempo próprio. Extemporâneo como poucos, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse à época da dengue que “estamos perdendo a guerra para a doença”.


Agora, alheio aos acontecimentos e à experiência do consciente coletivo, o ministro vem a público dizer que “a situação é tranqüila!”. Até esse domingo, dia 20, já haviam morrido oito pessoas!
Fatal e ironicamente, tranqüilos estão os agora mortos. A julgar pelas filas e o fim dos estoques da vacina, os demais brasileiros parecem nervosos!

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