segunda-feira, 7 de abril de 2008

CPI e gerundismo dos poderes

"O que se quer desta CPI"? Foi o que declarou um dos deputados que integram a CPI do DETRAN, ontem, minutos antes de se iniciar mais uma sessão que procura investigar possíveis fraudes lá ocorridas. Estão investigando.

Enquanto isso, o Ministério Público está ajustando. Começou com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que nada mais é que um "acordo de futuro bom comportamento" imposto pelo MP aos deputados em conseqüência aos desarranjos gerais e peripécias do Macalão na administração de recursos da casa.

Os deputados estão se perdendo. Esquecem-se de que a apuração dos fatos é mais importante que a troca de acusações entre oposição e governo.

Descuidam-se de que estão imbuídos de poderes de investigação judicial e que devem, ao cabo dos trabalhos, "estar encaminhando" suas conclusões ao MP.

O Judiciário está interferindo. Claro que é direito de cada depoente resguardar-se e não se auto-incriminar. Para isso, uma chuva de liminares e habeas corpus tem garantido o silêncio nas oitivas.

Contudo, seria mesmo necessário estar fechando as sessões?

A Polícia Federal está colaborando. Mesmo sem ter acesso a todo o inquérito da Operação Rodin, que desencadeou a CPI, os deputados contarão com o apoio dos delegados que participaram da investigação, assim que forem solicitados.

A imprensa está se manifestando. Dia de CPI é dia de novidade junto à imprensa, que, rotineiramente, tem subsidiado a atividade e as ações dos deputados. Tem acesso a informações e, por muitas vezes, antecipa as ações no Legislativo.

O Executivo está assistindo. A governadora, que chegou a afirmar que "o Piratini é o alvo da oposição na CPI", teme que a investigação bata à sua porta, pelo envolvimento de alguns membros da família Ferst com as sistemistas, uma vez que Lair Ferst era peça-chave em sua campanha.

A população está aguardando. Mais que qualquer interferência entre os poderes, é preciso dar uma satisfação aos contribuintes que arcam com as somas que são desviadas. Somos nós que nos indignamos a cada novo escândalo de corrupção no Estado.

Mas quem está legislando? As crianças. Foram elas que trataram de legislar nesta segunda-feira (08), enquanto os deputados tratavam de se perguntar. "O que se quer desta CPI"?

Gerundismo! É disso que se quer desta CPI — não só aqui, mas em quase todas as que vemos aparecer a cada dia — estar na mídia, estar aparecendo. Manter o tempo de conjugação sem que este nunca acabe. É um pouco mais que o infinitivo.

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