quarta-feira, 9 de abril de 2008

Os fora-collor e a corrupção do Sr. Reitor

A política nasce na escola. Na sala de aula, temos um representante. No grêmio estudantil, mais um. Nós gaúchos somos agregados pela União Gaúcha de Estudantes, UGES. Quando chegamos à universidade, são os diretórios acadêmicos e o diretório central de estudantes — DA´s e DCE.

Nacionalmente, a União Nacional dos Estudantes (UNE) defende os interesses estudantis desde 1937. Tendo grande influência na política brasileira, participou de movimentos contra a ditadura, pelas eleições diretas e pelo fora Collor, entre outros.

Contrária ao vácuo que ocorre na passagem pelos cursinhos pré-vestibular, a representatividade dos que estudam está garantida desde o ingresso no ensino fundamental, aparentemente. O impeachement (cassação do mandato) que minha geração presenciou foi motivado por estudantes.

À época, a inconformidade com a corrupção que assolava o governo de Fernando Collor motivou a cobertura da mídia e a mobilização dos estudantes. Em 92, ocorreram passeatas com a participação de mais de quinhentas mil pessoas.

Recentemente, estudantes gaúchos invadiram a reitoria da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Entre as reivindicações, a de questionar a ausência de investimentos na entidade. Na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS), manifestações e reivindicações estudantis são rotineiras.

É comum, pois, a demonstração de qualquer inconformidade por parte dos estudantes, seja aqui no Estado, seja no âmbito nacional. É o que ocorre com a não resignação dos estudantes que ocupam o prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UNB).

Eles exigem a renúncia do reitor Timothy Mulholand, que é acusado de desviar dinheiro da instituição destinado à pesquisa científica para comprar mobílias para seu apartamento funcional. Mais uma vez, a possibilidade de corrupção é a causa da revolta.

Vergonhosamente, alguns os consideram meros invasores inconseqüentes. Mas são eles os únicos a bradar contra o possível desvio do dinheiro público, enquanto nós, "BBB´s", assistíamos a mais um provável caso de impunidade de um corrupto.

O idealismo estudantil que estes possuem, tanto para influenciar decisões políticas quanto para alertar-nos contra o comodismo não podem ser desvalorizados. A história da qual fizemos parte como estudantes reafirma esta posição.

Se há corrupção, que ela não inicie em nossas salas de aula. Que não vire escola! Que não se pós-gradue e, muito menos, seja tratada com banalidade. Já são bastantes os casos que maculam a nossa política.

Todavia, os temas que não são de interesse direto dos estudantes são banalizados. Os movimentos estudantis são partidarizados e a participação serve, muitas vezes, unicamente a um partido. Onde estão os "fora-collor"?


Nenhum comentário:

Postar um comentário